Quatro dias quase sem pensar em trabalho é um luxo que não me lembro de ter há muito tempo. E também ainda não foi desta que o consegui, mas quase. Tentei deixar o máximo de trabalho adiantado para poder descansar e começar o ano cheio de garra e energia, mas quando se tem um puto de dois anos e meio em casa, este conceito (descansar sem fazer nada) pode não ser assim tão simples de aplicar. Mas pronto, a culpa agora não foi do rapaz (foi só mais ou menos).
Há uns quinze dias, e pela primeira vez desde que nasceu, o Mateus esteve doente. Nada de grave, aquelas coisas de putos a que estou mais do que habituado, porque o meu filho mais velho passava a vida doente quando era mais pequeno. Só que juntar uns dias doente com férias da escola, excesso de mimo, ausência das rotinas normais, vários dias a deitar e a acordar mais tarde é uma espécie de cocktail explosivo, que rebentou, claro, nos quatro dias que eu pensava que iriam ser de descanso. O Mateus voltou àqueles tempos de bebé de dois meses, em que acorda à noite de três em três horas, com a diferença de que depois dorme até ao meio-dia (mas só se estiver na cama dos pais, manhoso que só ele). O “problema”, entre aspas porque na verdade não é bem um problema, foi termos alterado as regras. Por ele estar doente, permitimos coisas que normalmente não deixamos que aconteçam, como ele ir para a cama mais tarde, adormecer ao nosso colo, tirá-lo da cama quando ele chora e dar-lhe um colinho, levá-lo para a nossa cama quando ele está a chorar. O resultado foi óbvio: o menino passou a querer manter estes hábitos mesmo não estando doente.
Nas últimas quatro noites voltámos aos turnos, com a mãe a acordar uns dias de três em três horas para ir até ao quarto dele acalmá-lo quando ele acorda, e eu a ir nos outros. A coisa tem sido desesperante, com as lutas que ele trava para não adormecer — chega quase a adormecer em pé agarrado às grades da cama, mas resiste até ao limite. Chegamos a estar duas horas no quarto, porque ao primeiro ruído que fazemos quando tentamos sair ele acorda e começa logo a chamar pela mãe e pelo pai. Esta noite, véspera de eu vir trabalhar, claro que foi assim. Acordei eram quase nove da manhã (nos meus planos fantasiosos tinha previsto acordar às 7 horas para ir correr) com aquela sensação de que levei uma carga de porrada que nem me consigo pôr de pé. Claro que tive de o arrancar da cama e quando o deixei na escola ainda ia abananado do sono. Pode ser que com este regresso às rotinas a coisa melhore. É esperar por logo para ver.
Geralmente melhora sim, voltando a escola melhoram em tudo, na minha opinião.
Conheço bem a sensação. O pior é quando já estamos habituados a dormir a noite toda e levamos com uma “pancada” depois de meses maravilhosos. Da última vez que a minha filha de 21 meses ficou sem dormir (não dormiu absolutamente nada numa das noites, direta para todos cá em casa) eu consegui recompor-me bem ao longo do dia mas o meu namorado parecia um zombie. Ficou de rastos mesmo. Às vezes, quando acorda muito cedo, colocamos a nossa filha a ver desenhos animados durante uma hora para podermos descansar. Não é o ideal mas não conseguimos mesmo… Precisamos de dormir de vez em quando.