Nunca irei perceber aquelas pessoas que acham que ler livros de banda desenhada é uma coisa menor, e que os miúdos devem é ler livros infantis, sim, mas daqueles como deve ser, só com letras. O gosto pela leitura nasce do prazer pelo envolvimento com uma história, com as personagens dessa história, e é isso que nos faz querer continuar a ler mais, a consumir mais. Com uma diferença: quando somos miúdos estamos a desenvolver a nossa criatividade, a nossa imaginação, e o universo dos bonecos é fundamental para isso, porque foge muito mais ao que é real, porque transporta os miúdos para universos e experiências diferentes, corta com o normal, o regular, e isso não só fascina como leva a que as próprias crianças comecem a pensar fora da caixa, a criar na cabeça delas aventuras sem limites, sem os tais limites da normalidade e do que é regular.
Desde pequeno que adoro este universo infanto-juvenil não só dos livros como da televisão. E tento, o mais possível, passar isso aos meus filhos, dando-lhes a ler os livros que me fascinavam em miúdo, mostrando-lhes os desenhos animados que eu acho que fazem bem esse papel de os levar para outros mundos, e vendo com eles filmes que me ajudaram, na idade deles, a ser mais feliz.
Já falei aqui várias vezes da minha ligação ao universo Disney, às personagens maravilhosas criadas não só pelo próprio Walt Disney, mas, também, e mais tarde, inventadas pelas equipas criativas dos estúdios, que incluem marcas como a Pixar, por exemplo, que nos tem oferecido, nos últimos 15 anos, os melhores filmes de animação de sempre.
Hoje, quero falar de outras personagens que marcaram muito da minha infância e que estou a começar a introduzir na vida do Mateus: os Marretas. Ele já conhece o Cocas e a Miss Piggy por uma razão simples: desde que nasceu que temos dois peluches (um Cocas e uma Piggy) enfiados dentro de uma jarra na cozinha, ou seja, ele já contacta com os bonecos desde sempre.
Também eu me lembro dos Marretas desde sempre. Aliás, todo o universo do criador das personagens, o Jim Henson. Uma das minhas séries preferidas quando era miúdo era o “Jim Henson Hour”, em que ele ia contando histórias incríveis que envolviam as várias personagens do seu mundo, e em que misturava monstros, criaturas, os Marretas, personagens da Rua Sésamo, humanos, atores conhecidos e o próprio Jim Henson. Havia uma dose grande de loucura, humor, canções, uma explosão de imaginação. Já nessa altura eu era fã dos Marretas. Lembro-me de ter cassestes VHS com vários episódios gravados, que via em repeat. Adorava o humor do Cocas, os dramas da Piggy, a loucura do Animal, as piadas secas do Fozzie, mas sobretudo o sarcasmo dos velhotes Statler e Waldorf, que iam vendo os episódios da sua tribuna e gozando com tudo o que se estava a passar.
Na segunda-feira, 3 de setembro, vi no Disney Junior a estreia do remake de “Os Marretas Bebés”, que eu também via quando era miúdo. Não há uma mudança significativa, as personagens são as mesmas (só há uma nova, a Summer, um pinguim bebé com espírito de artista) e até a intro me parece muito parecida com a da versão original.
Vi o primeiro episódio com o Mateus, que adora quando vejo bonecos com ele, e percebi que a série tem um formato idêntico ao de outros desenhos animados, com um episódio partido em duas histórias de 11 minutos cada. Lembrou-me tanto quando era miúdo. Os bonecos, mesmo bebés, têm todos os traços personalidade dos Marretas adultos, e até os velhotes Statler e Waldorf, ainda que mais novos, têm a mesma dose de ironia e sarcasmo, embora não tão adulta como a que mostram nos Marretas originais. Quando o episódio acabou, o Mateus andou a correr pela casa de braços abertos, a imitar o Animal e a dizer: “Animal pilotar avião”, “Animal pilotar avião” (o Animal fala assim, e ele adorou a personagem). No final, falei-lhe um bocadinho sobre quando eu era pequeno e também via os Marretas, e ele delira a ideia de imaginar o pai da idade dele.
Não tenho dúvidas de que se hoje me considero uma pessoa criativa e com imaginação é porque em miúdo mergulhei nestes mundos infantis cheios de loucura, criatividade e irreverência. Foram estes estímulos, dados por alguns dos maiores génios da animação de sempre, como Walt Disney ou Jim Henson, que me moldaram uma parte da personalidade, e por isso a melhor forma de lhes agradecer é tentar fazer com que os meus filhos bebam da mesma genialidade onde eu bebi.
Se já os ponho a ver todos os filmes da Pixar, tudo o que tenha a ver com Star Wars, se vamos sempre às estreias de todos os filmes da Marvel, se em casa vejo com eles os “PJ Masks”, o “Bingo e Rolly” ou o “Mickey e os Superpilotos”, então, sempre que puder, também me irei sentar com eles para ver com eles os Marretas Bebés. E não tenham dúvidas: quando eles têm o pai ou a mãe ao lado a vibrar com qualquer coisa do universo deles, é meio caminho andado para eles não esquecerem a experiência.
“Os Marretas Bebés” passam de segunda a sexta, às 15h30, na Disney Junior.
Texto escrito em parceria com a Disney.