Quem me lê sabe o que penso do António José Seguro enquanto político. Desde o dia em que se tornou líder do PS até hoje não houve um só momento em que me fizesse sentir que existe dentro dele qualquer coisa de transcendente, de meritório, de aspiracional. Nada. Sempre o achei absolutamente banal, vazio de conteúdo, sem capacidade de liderança e sem preparação e estofo para liderar o partido. Nunca me passou pela cabeça que pudesse chegar às legislativas. Tinha a convicção profunda que a máquina do PS — que seguramente sentia o mesmo que eu — não permitiria que isso acontecesse. O tempo deu-me razão.
Cá em casa, a minha mulher já quase achava que eu perseguia o homem, tantas eram as críticas que lhe fazia. Mas não criticava por implicância, criticava porque ele não conseguia ter uma ideia convincente, não conseguia pôr em xeque o Governo mais fragilizado dos últimos 30 anos, nunca soube fazer oposição de forma eficaz, sempre foi uma espécie de anedota política, que tanto ajudou a coligação do Governo a subir nas sondagens. Com Seguro à frente, o PS conseguiu aparecer várias vezes atrás de PSD/CDS em sondagens para legislativas, isto após três anos de governação num regime de austeridade, com medidas totalmente impopulares. Isto não teve a ver com um excelente marketing político da coligação, mas sim com uma oposição invisível e ineficaz. Seguro argumentou sempre — e nestas eleições repetiu-o até à exaustão — que ganhou dois atos eleitorais. É só mais ou menos verdade. Seguro, na verdade, não ganhou nenhumas eleições. O PS, sim, venceu, mas quando apresentou outros rostos como candidatos. Nas autárquicas há uma vitória clara dos presidentes de câmara — ninguém pensou por um segundo em Seguro antes de votar, como é óbvio — e nas europeias o PS venceu com uma margem muito curta, mas, uma vez mais, teve como rosto Assis, um político esforçado, competente, que tenho como pessoa íntegra. Haverá algum mérito de António José Seguro, nem que seja em aspetos logísticos ou organizacionais destas campanhas, mas isso não chega para o declarar como um vencedor.
A entrada de António Costa após a vitória do PS nas Europeias só surpreendeu o próprio António José Seguro, que foi a única pessoa a achar que os socialistas tiveram um ótimo resultado, contra uma coligação devastada por três anos de uma governação debaixo de protetorado. Costa anda cá há muitos anos e percebeu o que todos perceberam, que se Seguro continuasse à frente do partido seria muito difícil ao PS chegar ao Governo. Quando se decidiu a avançar, escrevi aqui que isso nos dava alguma esperança, não porque veja em Costa um salvador da pátria, mas porque ao menos nos poderia eliminar o risco de virmos a ter Seguro como primeiro-ministro.
Esta noite aconteceu o que todos sabiam que ia acontecer — todos menos Seguro, que sentia “uma onda de confiança” no País.
Costa ganhou, Seguro perdeu, a guerra acabou, e agora é altura de enterrar os mortos e cuidar dos muitos e muitos feridos. O PS sai destas primárias com um novo líder, mais capaz, mas que já não terá muito tempo para as missões que aí vêm, as de recuperar o partido por dentro, uni-lo, sair da câmara de Lisboa de forma elegante, reorganizar a Assembleia para começar a fazer frente ao Governo, preparar um plano para o País e convencer os portugueses de que essa é a melhor alternativa. Esta guerra pode ter sido demasiado tardia e sangrenta para tudo isso. Veremos.
Uma última nota, ainda para falar de Seguro. Embora não o admire como político, não tenho absolutamente nada contra o homem. Confesso que tive alguma pena de o ver esta noite, emocionado, a assumir a derrota, e, depois, a sair abraçado à mulher e à filha. Não deve ter sido nada fácil estar no lugar dele. Mas há pessoas que não nascem para coisas grandes, só para coisas mais ou menos, e é menos doloroso quando se percebe e interioriza isso.
subscrevo!
Caro Arrumadinho
Ando a fazer uma tese sobre o seu livro e gostaria de o entrevistar. Envie-me um email para pedroferrao_@live.com.pt. Obrigada.
Também acho! Assino por baixo. E você arrumadinho nasceu para quê? ser grande? grande quê? nabo de certeza. Só é conhecido por ser marido de quem é, que por si só nem é muito. Trabalhava nas tentações? e isso faz de si o quê? fraco jornalista só pode.
Posso-lhe dizer, que conhecendo-o bem, seria o primeiro primeiro-ministro que este país teria honesto e humilde. Que é assim a pessoa que ele é, honesto, humilde, integro…Nota-se mesmo que não sabe do que fala, acha que alguma vez o Costa vai mudar o rumo do país? é mais um Sócrates mas com ar de indiano. Digo-lhe eu isto tudo, porque tenho amigos no PS e sei do que falo. Pôr Costa como primeiro-ministro vai ser um total assassínio da política deste país, uma pessoa que chega como líder do PS da maneira como chegou só por si, mostra muito, mas parece que nisso não reparou. Realmente de política o senhor sabe muito pouco, e a ler pessoas então é um nabo, portanto este foi o mais rídiculo que já li na internet sobre o assunto.
Com o tempo se verá se resulta!
O tempo o dirá de forma mais clara!
Olá Ricardo.
Sou leitora assidua do seu blog, tenho espreitado diariamente e com muita pena minha, vejo que já não escreve á bastante tempo… desculpe a pergunta, mas…o que se passa?
Cumprimentos,
Liliana Nogueira
Também tenho pena de Seguro… e mas António Costa é mais do mesmo: “(alguma) parra e muito pouca uva”.
Irrita-me esta coisa dos partidos per se, a ausência total de ideias, a quantidade de anos que estes políticos se arrastam e o modo como arrastam esta coisa a que chamamos o País, – que quase parece ser o menos importante: vivem em função do partido, apenas existem porque o partido lhes dá visibilidade: como bolor no pão…
Este comentário não vem a propósito do post… Mas sim de um outro assunto que, creio, poderá ajudar alguns dos seus leitores que estão à procura de emprego, como eu. Sei que recentemente, no seu mais novo projeto, a nit, fez um processo de recrutamento. Podia fazer um post sobre o que valoriza num CV, ser tipo europass ou não, que tipo de características chamam a atenção a quem está a contratar, que tipo de pessoas….etc. Acho que podia ajudar muita gente. Obrigado
Não gosto do António Costa, chegou quando o navio já não estava tão afundado, é presidente da câmara de lisboa o que significa a sua tendência para o querer centralizar tudo (mais do que já está) e gastar o “nosso” dinheiro melhorando lisboa e esquecendo o resto do país, parece-me ser daqueles adeptos do “tacho” para ele e para os amigos, como alias já se vê pelos seus convites para fazerem parte do seu governo e, especialmente, é mais do mesmo. Basta ir ler os comentários a noticias sobre isso e vemos o que uma parte da população pensa. 90% dos comentários são pejorativos. Não estava a pensar votar PS mas com esse então agora é que não voto mesmo.
Muito bem dito, concordo plenamente!
Não gosto e nem percebo de política. Mas gosto muito dos seus textos sobre ela, porque me elucida sobre coisas às quais costumo desistir depois do primeiro parágrafo.
Obrigada por isso.
http://livebyy.blogspot.pt/
Seguro cresceu como político quando Costa apareceu. Infelizmente isso não o impediu de cometer erros como os ataques pessoais que fez a Costa. Tivesse tido a atitude activa que teve neste tempo de campanha contra o Governo e Passo e companhia já tinham caído há muito. Sai com toda a naturalidade sob uma pesada derrota. Nunca ninguém viu nele uma alternativa a Passos e isso diz tudo da carreira politica de Seguro.
Agora é esperar para ver o que Costa irá fazer. Não tenho grandes expectativas. Não fará pior que Passos mas duvido q faça a inversão política que o país precisa.
Concordo a falta de oposição que tem havido devido ao Seguro!
O que não percebo é a visão geral do Costa como O SALVADOR. Ok tem carisma mas….
Ele era no número dois do Sócrates….~
O Sócrates é o “diabo” mas o braço direito dele já é o que vai salvar a pátria.
Porquê? As pessoas esqueceram-se que o Costa estava lá quando aconteceram aquela coisas todas que nem é bom relembrar?
Pois, está bem. Chegou agora o d. Sebastião que nos vem salvar a todos. As pessoas esquecem-se de que Costa é mais do mesmo, um dos oportunistas do costume que coloca à frente de qualquer missão ou motivação política as aspirações pessoais. Será que ninguém se lembra de que ele até já foi ministro, já fez parte da pandilha que provavelmente a maioria de nós já criticou? A tristeza neste país é que não há caras novas nem ninguém que inspire confiança para destronar esses agarrados ao poder. Ou se calhar os que estão agarrados ao poder é que impedem o surgimento de novos elementos. É triste.
“Mas há pessoas que não nascem para coisas grandes, só para coisas mais ou menos, e é menos doloroso quando se percebe e interioriza isso.”
Completamente chocada com o comentário final… Enfim… Nem sei mais o que dizer… O blog perdeu todo o mérito que tinha…
“Há pessoas que não nascem para coisas grandes”???? Isso quer dizer o quê??? Que a nossa vida já está pré-destinada???
Também nunca acreditei no Seguro como líder. Mas claro que o facto de ele não ter os “históricos” a apoiá-lo faz toda a diferença, não????
Coisas politicas!
É um facto o Seguro é uma nulidade! MAS deu muito jeito ele assumir a liderança do PS estes últimos anos, enquanto A. Costa e outros assobiavam para o lado! Agora que o trabalho “sujo” está feito é ver de novo, os dinosauros do PS a voltarem …
Para mim o Seguro não revelava qualquer força, parecia “educado” demais (esta frase parece má, mas estou mesmo a referir-me ao ar de quem não faz mal a uma mosca). Faltava-lhe garra.
http://www.prontaevestida.com
É triste ler este post e ver a quantidade de socratinos que por aqui ainda anda……
Podiam ser as minhas palavras, se não tivesse escrito a última frase…
Assino por baixo!!!!