Quando há pouco mais de um ano abriu em Lisboa o primeiro clube de comédia achei que estava ali um espaço que fazia mesmo falta à cidade, e que não só seria um êxito como iria promover muitos novos talentos da comédia, um pouco como fez o “Levanta-te e Ri” quando apareceu na SIC, há muitos anos. Mas não aconteceu nada disto. O clube não funcionou e, agora, fechou (ou mudou de morada, como é dito na versão oficial — ou seja, passou para a sala do Villaret, onde há muito tempo que há espetáculos de stand-up).
Quando fui ao Lisboa Comedy Club pela primeira vez achei o espaço simpático, mas pouco acolhedor. A sala de cima, tipo café/bar, não era propriamente confortável, as mesas e as cadeiras eram demasiado ao estilo café de bairro, e faltava ali alma. A sala de baixo, onde se realizavam os espetáculos de humor, era mais engraçada, bem organizada e confortável. Assisti a um espetáculo do João Pinto (o humorista das “cigonhas”) e gostei. Quis voltar algumas vezes e tive sempre o mesmo problema: não fazia ideia do que iria acontecer no clube. Para lá de todos os outros problemas que o espaço, ou o negócio, pudesse ter, este, para mim, enquanto cliente, era o mais grave. Eu queria ir lá, mas nem no site nem na página de Facebook estava disponível o cartaz. O investimento em comunicação foi nulo e isso é fatal para uma casa de espetáculos, sobretudo uma nova casa de espetáculos, que ainda precisa de crescer e de entrar nos hábitos das pessoas. Ninguém vai ao Coliseu dos Recreios à quinta-feira à noite só porque sim, sem saber quem é que vai atuar. Ninguém vai a um clube de comédia sem saber se se passa alguma coisa naquela noite, ou não, porque há dias em que, efetivamente, não há atuações. E isto ajudou a matar o projeto, tenho a certeza.
A qualidade dos humoristas pode ter sido outro dos problemas. Assisti, no Canal Q, a toda a série “Graças a Deus”, gravada no Comedy Club, com dezenas de humoristas diferentes (escrevi sobre isso aqui). Alguns tinham graça, potencial, e com tempo tenho a certeza de que iriam conseguir evoluir e criar números bons, mas a maioria era fraquinha. Ainda assim, vi os números de todos eles até ao fim. Mesmo quando o stand-up não tem graça é bem-disposto, e quando não tem graça absolutamente nenhuma é engraçado pelo constrangimento que causa a quem assiste (vergonha alheia), tipo as piadolas do David Brent no “The Office”. Agora, para eu ir assistir a um espetáculo preciso de saber que ele vai acontecer, e no Lisboa Comedy Club nunca o conseguia saber.
Podem ler a notícia do fecho do Lisboa Comedy Club aqui.