O campo de férias

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Os equipamentos oficiais, devidamente alinhados e prontos para o primeiro dia de treinos

Hoje de manhã fui levar o meu filho mais velho ao campo de férias do Benfica e só me conseguia lembrar de como eu sentia momentos como aquele quando era miúdo. A ansiedade que ele sentia há vários dias, a excitação com que falava dos treinos que ia ter, e, sobretudo, a alegria que mostrava quando andava por casa equipado à Benfica da cabeça aos pés (chuteiras incluídas).

Em puto eu era igual. Lembro-me de aos 10 anos ter sido visto a jogar num campo perto de casa por um “olheiro” de um clube de Bairro de Setúbal, o Reboreda, que me desafiou a juntar-me a eles. E assim foi. Daí a dois dias haveria um jogo e o senhor queria que eu alinhasse já nessa partida, mesmo sem ter feito qualquer treino. Fiquei nas nuvens.

Logo nesse dia, chateei a minha mãe e o meu padrasto para irem comigo à loja em que se vendiam equipamentos das equipas de Setúbal e pedi-lhes por tudo para me comprarem a camisola e os calções. E eles fizeram-me a vontade. Acho que logo nesse dia dormi com aquilo vestido. No dia do jogo, lá fui eu todo contente, mal dormido, de tanta excitação. Não me recordo ao certo se joguei muito bem ou muito mal, mas sei que este é um daqueles momentos que ainda hoje tenho bem presentes na minha vida, por isso, foi marcante. Dois anos mais tarde, fiz uma fita enorme porque queria jogar nos Pelezinhos, ainda hoje um clube exemplar na formação em Setúbal. Lá fui eu aos treinos de captação, e acabei por não ser escolhido, mas aqueles dias foram de um entusiasmo único.

A excitação dele começou na sexta-feira, altura em que fomos buscar os novos equipamentos oficiais do Benfica, o principal e o alternativo. Eu já tinha o meu, ele queria um igual. Acabou por levar dois. Ele queria umas botas cor-de-laranja, porque um dia viu o Matic com umas calçadas e achou o máximo. Optei pelas F50, da Adidas, melhores até do que as minhas, mas pronto, era o momento dele. Estreou logo a camisola oficial no sábado, quando fomos os dois à Luz ver aquela desgraça contra o São Paulo. Por vontade dele teria ido equipado dos pés a cabeça, mas lá o convenci a ir de calças de ganga e ténis, com o argumento de que estaria frio para ir de calções, e ele iria estragar os pitons se levasse as chuteiras.

Hoje, saiu de casa vestido a rigor, com o equipamento principal completo, chuteiras e tudo, já que o primeiro treino do campo de férias era logo às 10h, por isso, os miúdos podiam ir já equipados de casa. Quando o deixei ficou todo contente, parecia que ia entrar noutra dimensão. Umas horas depois, fui buscá-lo e não parava de falar de tudo o que fez, da visita ao estádio, de ter estado com as duas águias, de ter ido à sala onde o Jorge Jesus “diz coisas aos microfones”, do “mister” Rui, dos passes que fez, dos novos amigos.
Amanhã, às 8h30, já está de volta ao estádio para mais uma aventura gloriosa.
Acho que a este já ninguém tira o Benfica de dentro dele.

benfica-spProntos para ir ao estádio ver aquela desgraça de jogo contra o São Paulo

6 Comentários

  1. Olá! Chamo-me Patrícia, moro em Setúbal e toda a minha vida de solteira foi vivida no bairro dos pescadores(perto do bairro da Reboreda). Sou leitora assídua do seu blogue e da pipoca e tenho acompanhado a vossa vida. Gosto muito da vossa maneira de escrever e muitas vezes dou por mim a rir sozinha em frente ao computador. Quero agradecer-lhe a forma simples, mas esclarecedora com que escreve estes textos e desejar-lhe as maiores felicidades para o casal e para o Mateus.
    Um beijinho
    Patrícia Santos

  2. Arrumadinho, excelente post. a sério mesmo.
    Confesso que sinto algum orgulho no que fazes com o teu miúod (Henrique, salvo erro, certo).
    Sou do FCP e um dia farei o mesmo com o miúdo.
    Estas crianças por certo serão boas pessoas, bons amigos, bons maridos e bons pais.
    Vão respeitar os outros e serão modernos, nunca irão agredir ou insultar quem é do outro clube, etc.etc.
    Um bem haja para o teu pequeno/grande exemplo !!!

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