Estão a ver aqueles dias em que acham que está tudo a correr da pior forma possível, e que não há mesmo maneira de a coisa piorar, mas depois piora sempre? Foi mais ou menos o meu dia de hoje. Passo a relatar.
De manhã, fui levar o meu filho mais velho à escola (a pé) e fiquei de, depois, passar pela casa da mãe dele para lhe levar umas coisas. Quando cheguei a casa dela, tentei ligar-lhe para que ela descesse e apanhasse o que lhe levava. Não tinha saldo no telemóvel. Também não sabia o andar e número da porta (comunicamos sempre por telefone, nunca é preciso tocar). Multibanco mais próximo: a uns 600 metros. Lá fui, sempre a pé. Carreguei o telefone com 25€ e voltei. Cheguei, tentei ligar de novo. “O saldo do seu cartão não lhe permite efetuar chamadas”. Como assim? Tinha acabado de o carregar. Li o SMS da operadora e vi que, apesar do carregamento, continuava a ter um saldo de -5,06€. Inspirei, expirei, e lá voltei ao Multibanco e depois novamente até casa do miúdo para deixar as coisas. Com isto perdi quase 40 minutos da minha vida. Mas foi só o começo do dia.
À tarde, tinha uma reunião às 14h30, em Miraflores. Estava no Chiado e como não tenho carro procurei na app da City Drive para ver se havia algum disponível ali por perto. Havia. Reservei-o. Na app dizia apenas que o carro estava no Chiado, mas não o conseguia ver no mapa, que não abria. Não liguei muito, até porque faltava uma hora para a reunião. Dei uma volta na FNAC, entusiasmei-me a ver uns livros, e quando olhei para o relógio eram quase duas. Saí da FNAC, abri a app no telefone e o mapa continuava a não aparecer, ou seja, não conseguia localizar o carro. Liguei para a City Drive e a assistente lá me disse que tinha de descarregar uma nova aplicação, que já não ia dar erro. Lá o fiz. De facto, o problema ficou resolvido, só que entretanto o carro que eu tinha reservado já não estava disponível. Havia outro, mas muito mais longe. Resultado: às 14h20 estava a sair do Chiado, já atrasadíssimo para a reunião. Com a brincadeira dos telefonemas, de descarregar a app, de ficar à espera, fiquei com a bateria do telefone na reserva, ali com uns 18 por cento.
A parte do trabalho decorreu sem problemas, uma reunião, depois outra, tudo feito, e fui direito ao parque de estacionamento para ir buscar o carro e voltar para Lisboa. Cheguei lá e, claro, não tinha moedas para pagar o parque. Nem notas. Aquilo é uma zona empresarial e não há propriamente muitos Multibancos à volta. Tive de ir procurar um. Mais 20 minutos nisto. Saí do parque já perto das 17h30. Reparei que o carro estava completamente na reserva, mas ainda dava para chegar a Lisboa. Fiz-me à estrada e na entrada para a A5 já estava um trânsito simpático. Daí a uns minutos estaria infernal. Quando ia a entrar em Lisboa senti pena dos automobilistas que iam a sair da cidade e a entrar na A5, tal era o trânsito.
Cheguei à escola do Mateus perto das 17h50. Fixe, ainda o conseguia ir buscar cedo. Saí do carro, procurei pelo telemóvel para desligar a app, e nada. Casaco, mal, revirei o carro todo. Nada. Sem telefone não conseguia desligar a app e terminar a reserva do carro. Só me podia ter esquecido dele na sala onde tinha estado a ter uma reunião. Não tive outro remédio que não voltar para Miraflores. Inspirei, expirei e mergulhei no trânsito da A5, a sair de Lisboa. Problema: o carro já não tinha gasolina para ir e vir. Ainda tive de ir à bomba. Ah, e em todo este processo, estava com uma vontade louca de ir fazer chichi, só mesmo para ajudar.
Cheguei a Miraflores com os nervos em franja. A única coisa boa do dia: o telefone estava, efetivamente, lá. Problema: tinha 2 por cento de bateria. Não ia dar. Desliguei-o, para tentar gerir a bateria até Lisboa. Meti-me no trânsito para sair de Miraflores e comecei a ficar nervoso porque a escola do Mateus fecha às 19 horas, e aquilo que deveria ter sido um dia espetacular em que até o conseguia ir buscar cedo estava transformado num dia infernal em que o puto corria o risco de ser o último a sair. Para-arranca-para-arranca-para-arranca. Até Lisboa. Parei o carro perto da escola faltavam 5 minutos para as 19 horas. Liguei o telemóvel para terminar a reserva do carro, abri a app e assim que toquei em “Terminar reserva” o telefone ficou sem bateria. Tirei a chave e fui buscar o Mateus. Voltei com ele e andei de café em café a perguntar se alguém tinha um carregar de iPhone que me emprestasse. Ao terceiro café consegui. Carreguei 10 minutos, até aos 5 por cento, e lá terminei a sessão da app.
Cheguei a casa e achei que era mentira. É o chamado dia de cão, ou de merda, pronto.
Não sei se sabe mas existem carregadores que se colocam no isqueiro do carro.
Já reparou que esse dia de merda se deveu quase inteiramente à dependência da tecnologia? Pois, dá um jeitão, mas depois tem destas coisas…
Completamente, foi a minha primeira reação, também! 🙂