A 16 de julho de 2017, dia em que o Mateus fez 4 anos, estava a sentir-me fisicamente mal. Estava mais gordo, inchado, a sofrer imenso com as alergias, desmotivado para fazer exercício, stressado com o trabalho, dormia mal. Foram dias complicados. Nesse mesmo dia, à noite, e motivado pelas muitas conversas com a minha cunhada alemã, a Viola, resolvi mudar de vida.
Ao longo dos últimos meses, tinha vindo a conversar com ela sobre veganismo, sustentabilidade, responsabilidade ambiental, e a forma como todos nós devíamos fazer qualquer coisa para ajudar a melhorar não só o mundo como a nossa própria saúde. Li algumas coisas sobre o assunto, vi vários documentários, e comecei, aos poucos, a perceber que estava a fazer muita coisa errada, e que era importante que começasse a mudar muitos dos meus hábitos.
Só que eu não sou pessoa de ir mudando uma coisinha aqui, outra ali, porque acho mesmo que os hábitos só se transformam se os alterarmos radicalmente, se impusermos uma rotina totalmente nova. Ninguém começa a ir ao ginásio com regularidade indo primeiro uma vez de semana a semana, depois duas, depois três. Se é para ir, então que se vá de facto, e que se comece a treinar duas ou três vezes por semana logo de início. Então, achei que me devia desafiar, e transformar por completo a minha rotina.
A 17 de julho, no dia seguinte, decidi começar um desafio em que iria tentar ser 100 por cento vegano durante 30 dias. A meta era o 17 de agosto. E no final iria analisar os resultados. Não fiz muitos testes (deve ser a pergunta que mais vezes me fazem), mas fui a uma nutricionista, e se há área sobre a qual percebo umas coisas é nutrição, já que há muitos anos que trabalho com estes temas de alimentação e desporto, e, por isso, tenho lido imenso sobre o assunto. Ou seja, não era e não sou propriamente um leigo nesta matéria.
A primeira coisa que fiz foi ir às compras. Enchi o carrinho de coisas que habitualmente consumia em doses pequenas, como leguminosas (grão, feijão, ervilhas, lentilhas, favas), cereais integrais (arroz, massa), muitos legumes e verduras, muitas frutas. Sabia que esta seria a minha base alimentar para os próximos 30 dias. E foi. Não desisti, não me desmotivei, muito pelo contrário. Com o passar dos dias, fui-me sentido progressivamente melhor. Comecei a dormir melhor, as alergias desapareceram de todo (até hoje nunca mais sofri de problemas respiratórios — e eu era aquela pessoa que usava duas bombas de asma diferentes, e nunca mais as comprei), e no final dos 30 dias tinha perdido 5 quilos. Quando analisei os resultados percebi uma coisa: não havia nenhuma razão para voltar atrás, aos hábitos antigos, que me estavam a fazer mal. Nos dois meses seguintes, continuei a perder peso, a sentir-me com mais energia, mais concentrado nas coisas, mais motivado, voltei a fazer desporto e em outubro voltei a correr uma maratona. Ao todo, em três meses, passei dos 75 para os 64 kg, e, sobretudo, passei a sentir-me uma pessoa melhor em sentido holístico, em todas as componentes da vida.
De cada vez que se fala de veganismo, tenho várias pessoas curiosas a fazerem todo o tipo de perguntas. Uma das dúvidas maiores é sobre os sítios onde eu como, se vou sempre a restaurantes vegetarianos, e se é fácil encontrar onde comer. Hoje em dia, em Lisboa, sim, é bastante fácil, até porque cada vez mais há por parte dos restaurantes uma consciencialização para a importância de terem opções veganas e vegetarianas, até porque começam a ser os próprios clientes a exigir isso. Há dias, no meu Instagram, falei-vos de uma novidade: a nova pizza vegana da Telepizza. Fui ao Wonderland Lisboa para a conhecer, e gostei bastante (podem ver o vídeo aqui). É uma pizza 100 por cento vegana, com uma base que pode ser de massa integral, que leva um queijo vegano feito a partir do côco, e que depois leva os ingredientes que quisermos em cima, dentro de todos os que já existem na Telepizza.
Esta é uma pizza vegana da Telepizza, feita com queijo à base de côco
Ou seja, a pizza não está feita de base, nós é que podemos fazê-la com os ingredientes que quisermos. Eu fiz uma com azeitonas, pimento verde, cebola e ananás (sim, eu sou do team ananás na pizza). E estava maravilhosa. O queijo é mais cremoso do que o normal, por isso, em vez de ter aquela textura mais elástica tem uma mais próxima de um queijo Philadélfia, mas isso torna a pizza mais sedosa. De resto, é praticamente igual ao sabor da pizza tradicional da Telepizza. A massa também pode ser qualquer uma daquelas que a Telepizza tem para qualquer pizza (massa clássica, fina ou integral). Isto para se perceber o quão fácil é, hoje em dia, encontrar opções veganas, até mesmo em sítios menos evidentes.
Com isto, e aproveitando este início do ano, aquela altura em que muitos de nós gostamos de mudar alguns hábitos na vida, queria lançar-vos um desafio igual àquele que eu fiz em julho de 2017. Tentem tornar-se veganos durante 30 dias. Só isso. Escolham um dia de janeiro para começar e terminem nesse mesmo dia de fevereiro. Depois disso, façam a vossa própria análise, vejam os resultados, percebam como se sentem, leiam o máximo que conseguirem sobre o tema, vão a um nutricionista, e depois decidam o que é melhor para vocês. Qualquer dúvida que tenham, podem enviar-me mail (oarrumadinho@gmail.com) ou mensagem pelo Instagram (@oarrumadinho). Força nisso.