De volta a casa

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Isto sou eu a chegar à meta feito num oito

No domingo fui até à minha terra, Setúbal, correr a primeira meia-maratona depois da lesão que me obrigou a parar nos meses de Fevereiro e Março. A prova tem um carinho especial para mim já que foi ali que corri a minha primeira meia-maratona, com 18 ou 19 anos. De então para cá, já a fiz mais três ou quatro vezes.

Setúbal tem zonas absolutamente magníficas, junto ao rio, uma serra linda, locais com paisagens maravilhosas, uma população amistosa e cordial, ou seja, condições ideais para se criar uma prova perfeita. Mas não. O percurso escolhido é feio e desinteressante. A prova exclui as pessoas da cidade na grande maioria do percurso, o que faz com que uns 14 ou 15 quilómetros sejam feitos por uma zona industrial (com um cheiro nauseabundo), onde não há uma pessoa na rua a apoiar os corredores.

Acredito que a ideia seja a de perturbar o menos possível o trânsito da cidade, mas se por duas horas de um domingo do ano a prioridade for o desporto e não os carros será assim tão mau? Também sei que uma prova que entrasse pela Arrábida, por exemplo, excluiria muitos participantes, que poderiam temer as subidas, mas o percurso não precisava de ser todo feito na serra, poderia apenas ter dois ou três quilómetros por ali.

Quanto à corrida em si, foi penosa para mim. Tentei não perder de vista dois amigos que estavam mais preparados do que eu, e mantive-me colado a eles até ao km 8. Íamos a uma velocidade próxima dos 4’30”, o que é um pouco mais lento do que o meu ritmo normal de meias-maratonas (mas, como estava fora de forma, parecia-me demasiado rápido). Depois, deixei-me ficar um pouco para trás, recuperei forças e acelerei aos 11 km, tentando apanhá-los novamente. Menos de 1 km mais à frente, apanhei um deles. Disse-me que estava em dificuldades por causa do calor intenso, e deixou o outro seguir ao ritmo dele. Ainda fui com este amigo durante um quilómetro, mas ele quebrou e eu prossegui. Por volta dos 15 km, fui-me abaixo. Fiquei com as pernas pesadas, comecei a sentir pontadas fortes no tornozelo esquerdo (o meu calcanhar de Aquiles) e faltaram-me forças para acelerar mais. Tentei baixar um pouco o ritmo, para poder puxar ao km 17 e recuperar o tempo perdido. Quando estava a chegar ao tal km 17 percebi que ainda não tinha condições para acelerar durante quatro quilómetros, até à meta, por isso, adiei o esticão por mais mil metros. Aos 18, arrisquei. Acelerei. As forças deram-me para dois quilómetros. Quebrei aos 20 km e fui a arrastar-me até à meta.

No final, fiz um tempo vergonhoso (1h47m), acima do que esperava (tinha pensado fazer 1h40m), mas que serviu para me levar de volta às provas mais longas.

Agora, é recuperar e continuar a ganhar perna. É que no início de Julho tenho uma maratona para fazer. E o tempo corre.

17 Comentários

  1. Obrigada nós pela ideia! Garanto-te que vai ser testada. Depois digo como foi. Se tiveres mais sugestões e comentários, agradecemos. Beijinhos

  2. Abracei recentemente o prazer da corrida e, minha nossa senhora, como eu estava em péssima forma. Com 28 anos não conseguia correr mais do que 20 minutos. 😀

    Comecei a correr meia hora, sempre a melhorar o ritmo e a aumentar a distância. Agora ando a tentar alcançar a fronteira dos 45 minutos. Devo andar nos 6/7 km percorridos em 35/40 min. (Tenho de comprar um relógio com pulsómetro e etc).

    Agora estou a correr algumas vezes por semana e a tentar obter conhecimentos sobre corrida. Conjugo o treino de corrida com musculação e, essencialmente, não quero perder peso nem volume. O meu objectivo é correr 10km num tempo decente. Correr meias maratonas parece-me demasiado e vai para além do que pretendo tirar da corrida, mas quem sabe um dia…

  3. Olá Rute. Antes de mais, obrigado pelo teu comentário. Eu percebo os desníveis da cidade. Sou setubalense, conheço perfeitamente a cidade, e sei que é tem muitas subidas e descidas.
    Tenho, no entanto, algumas ideias, que podem não ser viáveis, mas que acho interessantes. Por exemplo, partir do quartel do 11 e ir pelo lado esquerdo, na estrada mais junto ao rio, que passa nas traseiras do tribunal. Virar para dentro da Luísa Tody a meio da Avenida e fazê-la até ao fim. Apanhar a estrada da Arrábida, mas inverter a marcha antes da Restinguinha do Sado, levando a corrida para junto ao rio, novamente de regresso à cidade. Fazer toda a Luísa Tody novamente, mas no sentido contrário. Antes do quartel, voltar novamente para trás e cumprir o pedaço da Avenida que falta, até à 22 de Dezembro. Ir pela 22 de Dezembro, virar na 5 de Outubro, Portela, Estrada dos Ciprestes e cortar à esquerda na rua que vai ter ao cimo do Bairro do Liceu. Descer pela Rodrigues Manito, passar o estádio, e dar uma volta completa ao Jardim do Bonfim – repara como ainda não houve subidas, a prova já andou imenso tempo junto ao rio, dentro da cidade e em zonas bonitas. Por esta altura já devem estar cumpridos uns 14 ou 15 km. Depois, é inventar mais umas voltas por ali e terminar novamente na Luisa Tody. É só uma ideia. 🙂 Beijinhos

  4. Arrumadinho, como é o teu treino? É orientado por alguém?
    Ou é apenas experiência de muitos anos?
    Não é para mim mas para o meu marido que corre e já fez uma meia e pretende fazer uma maratona.
    Parabéns pelo blogue, pelos textos assertivos e por incentivar muitos a levar uma vida otimista!
    Mónica Azevedo

  5. Verdade Setúbal e a sua área envolvente tem condições fantásticas para a prática de dezenas de desportos mas está super mal aproveitada a todos os níveis… Não sei qual foi o percurso da maratona mas pela descrição imagino qual tenha sido… enfim…

  6. Arrumadinho sempre odiei correr! Mas desde a corrida de Terry Fox, que aliás só fui com uns amigos porque vi a história aqui no teu blog, que ando toda animada para correr. Entretanto, já me inscrevi para outras corridas e já decidi que me vou empenhar nisto de correr! E eu que sempre odiei correr do fundo do coração e que à mínima coisa fica logo toda cansada e a morrer ;)Obrigada a ti e à Pipoca também que são uma inspiração!

  7. Olá Ricardo, vim tentar responder à tua opinião sobre o percurso da prova. A tua opinião é partilhada por muitos atletas e por isso este ano a organização tentou alterar o percurso, chegou a haver 3 alternativas e a final ficou decidida a semanas do dia da prova. O primeiro argumento é sem dúvida o trânsito, fazer a prova passar mais no centro da cidade iria restringi-lo ainda mais afectando as entradas e saídas da cidade. Nem imaginas as reclamações que ouvimos todos os anos por fecharmos as estradas da cidade! É tal questão, se não há prova "não se faz nada na cidade!!", se há "m%$#a para isto do atletismo que só me empata a vida" 😉 Uma hipótese que também se pensou foi alargar o percurso para a zona de Palmela mas aí outro factor se impôs, seria necessária a intervenção da GNR e não só da PSP e não houve MESMO dinheiro para isso (vamos tentar para o ano, 25ª edição com novo percurso e melhores prémios). A outra questão é que Setúbal não é uma cidade plana e colocar a prova no interior da cidade prejudicaria o seu nível competitivo. Apesar de se não ser nada agrádavel visualmente, o trajecto actual propicía a realização de bons tempos. As outras duas hipóteses foram testatas por atletas que percorreram os 21 km e as queixas foram precisamente as muitas subidas e descidas, por esse mesmo motivo é impensável levar a prova para o lado da serra. Gostaríamos muito de podermos alterar o percurso e ir ao encontro da opinião dos atletas mas não conseguimos. Como disse, talvez para o ano, com um cenário diferente em termos de apoios, possamos ir para o lado de Palmela. De qualquer forma, obrigada pela opinião e esperamos que continues a participar.

  8. Cara Blackstar. Acho que é preciso levar a vida muito a sério para se ficar ofendido ou triste por eu ter dito que o meu tempo foi "vergonhoso". Disse-o, como achei que era óbvio, na brincadeira, em sentido figurado (nem tudo o que se escreve deve ser lido à letra). Não me sinto envergonhado por ter feito 1h47m, como me parece lógico. Foi, sim, um registo bastante abaixo do que já fiz no passado, o que também não quer dizer que as pessoas se sintam ofendidas por eu correr mais depressa ou mais devagar do que elas. O meu melhor registo é seguramente "vergonhoso" para muitos atletas, da mesma forma que um mau registo meu será seguramente acima do recorde de muita gente. Cada um sabe de si e deve ler os tempos das corridas à luz das suas capacidades.

  9. Não pretendo ser arrogante, mas penso que não deverias considerar o teu tempo como vergonhoso… podes dizer que foi o teu pior tempo, que sentiste dificuldade mas conseguiste terminar e isso sim é o importante! Eu não corro, mas ficaria triste se estivesse a tentar e fizesse (sei lá!) 2h numa meia maratona, o que me deixaria orgulhosíssima, e depois chegasse aqui e visse que, afinal, mais do que 1h40m já é vergonhoso!

  10. Há tempo para tudo e quando se trata de recuperar lesões, primeiro que tudo o importante é conseguir fazer as coisas em condições. E o tempo vergonhoso, anda bem próximo do meu melhor 🙂

    A escolha dos percursos de certas provas também me continua a fascinar. Por exemplo, a confirmar o traçado da nova maratona de Lisboa (Cascais-Expo), até ao Terreiro do Paço é muito bonita sim senhor, apesar de não ser um circuito urbano (que em termos de apoio, como tive oportunidade de constatar na Maratona de Madrid, é algo fabuloso quando funciona), mas depois dessa zona…

    Vais ter 5kms cruciais (dos 35 aos 40kms) na Infante D.Henrique, só armazéns e quase ninguém na rua, o que animicamente nunca é encorajador. Mas pronto, estou a contar fazer essa e cerrar os dentes por essa altura.

  11. Também passei em Setúbal no Domingo, depois de um almoço bem regado em Aires, e já não encontrei vestígios de qualquer corrida. Restou-me o passeio pela serra da Arrábida sempre linda, e ainda me assustei pelos carros parados nos dois lados da estrada perto da praia de Galapos.

  12. lol…desde 2009 que a minha praia de eleição é a praia dos Coelhos (maravilhoooooooooooosa).
    No domingo foi a inauguração oficial da época balnear na dita.
    Ao chegar a Setúbal fiquei "presa" no trânsito…depois é que percebi o porquê 🙂
    Não me aborreceu nada, dada a perspectiva de ir passar umas horas para lá de espectaculares.
    Claro que no regresso há sempre tempo e vontade do belo do choco frito!!!!!

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