Uns dias antes da Maratona de Lisboa, numa altura em que ainda não sabia muito bem como é que iria conseguir terminar a corrida, já que estava muito mal preparado, perguntei na minha página de Facebook aqui do blogue qual era a marca de topo de meias de compressão. Já que não tinha treinado de forma decente, ao menos que levasse o melhor material possível para atenuar a dor, foi o que pensei. A resposta foi quase unânime entre as dezenas de pessoas que responderam: Compressport. Foi o que fiz.
Já tinha corrido algumas vezes com meias de compressão, mas modelos diferentes daquele que usei da Compressport, o UR2 (€45, à venda na Pro Runner, El Corte Inglés e lojas The Athlet’s Foot), adequado a provas longas e com uma componente forte de ajuda na recuperação.
A experiência começou no próprio stand da Compressport, em que me foi explicada a diferença entre os modelos de meias, as vantagens de umas e de outras. Há meias para corridas mais curtas, caminhadas, passeios de bicicleta, etc., e este modelo, o tal UR2, próprio para grandes esforços e distâncias grandes, como era o caso. Depois, foi a difícil missão de escolher a cor. Havia umas 15 diferentes. Optei pelas amarelas, que combinavam bem com os meus Adidas Boost, pretos e amarelos (isto, com a minha mulher ao lado a dizer: “Leva as cor-de-rosa. Não tens coragem de levar as rosa. Ias ficar tão bonito com as rosa. Não és homem não és nada se não levares as rosa. Não levei. Mas o que eu acho, no fundo, é que ela queria que eu as levasse para depois mas gamar).
Segunda fase da experiência: foi-me medido o diâmetro do gémeo para perceber exactamente o número adequado à minha perna, para que a compressão fosse optimizada.
No dia da corrida, lá calcei as Compressport pela primeira vez. Um dos problemas das outras meias de compressão que já usei é o facto de terem pé e serem extremamente apertadas. Em provas mais longas, e para prevenir bolhas, besunto sempre os pés com um creme NOK, muito eficaz. O que me acontece é que depois de pôr o creme, ao calçar as meias, por serem demasiado apertadas, o creme suja-me as meias todas e acabo com as pernas todas besuntadas. Com as UR2 isso não aconteceu. São muito mais fáceis de calçar e não tenho de as sujar todas com creme, já que consigo calçá-las sem tocar nos pés. Fiquei logo fã.
Depois de as calçar, senti o efeito da compressão em duas zonas distintas. No tornozelo, houve uma pressão muito mais forte do que nas meias tradicionais. E na zona da barriga do gémeo também senti o apertão forte que estimulou a circulação sanguínea.
Lá fui para a maratona, mais confiante — sim, porque estas coisas aumentam-nos a confiança, e o efeito psicológico também é fundamental nas corridas.
Durante a prova, tentei gerir ao máximo o desgaste. Comecei num ritmo muito baixo (entre os 5’45” e os 6’00) precisamente para tentar não me desgastar na primeira metade da prova. E consegui. Passei tranquilamente aos 21 km, e cheio de força nas pernas. Uma das vantagens destas meias é que, devido à compressão forte, reduz-se a acumulação de toxinas nos músculos dos gémeos, coisa que costuma originar cansaço e dores musculares em provas mais longas, como era o caso. Ou seja, os músculos são mais oxigenados, logo, ficam menos cansados, já que o sangue circula melhor entre os pés e o coração.
Quando cheguei à zona da Praça do Comércio, com uns 29 km nas pernas, senti as primeiras dificuldades. O empedrado da Rua do Ouro é inimigo de qualquer atleta e quando se leva quase 30 km de prova a coisa é ainda mais difícil. Outra das vantagens das meias é o facto de reduzirem, precisamente, as ondas provocados pelo impacto dos pés em solos mais duros. Por outro lado, como os músculos estão apertados, não andam ali a bambolear-se de um lado para o outro, o que retarda a fadiga.
A partir dos 30 km entrei na fase da expectativa, à espera do momento em que iria enfrentar “o muro”, que é aquela altura em que parece que os maratonistas esbarraram contra qualquer coisa e não conseguem correr mais. Na maratona que fiz em 2012, isso aconteceu-me por volta do km 33 e foi muito doloroso. Fui obrigado a caminhar durante alguns períodos, sobretudo nos abastecimentos, o que me fez perder imenso tempo. Desta vez, o muro parecia não estar à vista. Sentia-me bem e, então, resolvi acelerar um pouco o ritmo. A partir dos 35 km comecei a achar que, se calhar, o melhor era voltar ao ritmo inicial. Aos 36 km o corpo começou a exigir-me que parasse. Aos 37 já corria em sofrimento profundo. Aos 38 não aguentei e tive de caminhar durante 800 metros. Mas também aqui senti o efeito retardador de fadiga. Sem um treino adequado, consegui chegar aos 38 km sem ter parado, mantendo uma boa cadência de corrida. Duvido muito que o tivesse conseguido sem a ajuda das meias. E tenho o termo de comparação, que foi a maratona que fiz no ano anterior, em que me preparei muito bem, segui um plano de treinos adequado, corri durante vários meses a pensar naquela prova, e tive de parar ao km 33. Agora, com muito menos preparação, cheguei ao 38 (da próxima vez não paro, prometo).
Cortei a meta no Parque das Nações, 4h22m depois de ter partido de Cascais. Continuei de meias calçadas durante mais duas horas, sensivelmente, até porque este modelo é adequado à recuperação. Apesar de me sentir cansado, de ter as pernas pesadas, só sei que no dia seguinte fui correr mais 8 km. E dois dias depois corri mais 13. O ano passado fiquei 15 dias sem me mexer.
Ou seja, experiência muito positiva. E as Compressport UR2 estão recomendadíssimas.
Nota final: 93%
Bom dia,
Tópico muito interessante e esclarecedor no entanto julgo que as meias são o modelo R2 e não UR2.
Tenho os dois modelos e confirmo o que foi dito, são de facto uma vantagem para que faz provas longas.
Abraço e boas corridas
Amigo, diga ao seu pai para correr, mas mais lento, porque a mim tb me disseram para não mexer o corpo e agora que tive uma 2ª opinião, mandam-me correr uma hora por dia. Não acreditem em tudo o que os médicos dizem,principalmente se for sobre desporto
Boa noite!
Depois de muito ler sobre meias de compressão e qual a marca a escolher, optei pelas Compressport R2. Isto porque trabalho muitas horas em pé e ainda porque pratico muito desporto.
Sábado foi um dia muito esperado… EXPERIMENTAR o novo material.
Depois de 42km a pedalar, senti-me muito muito bem, parecia que não tinha feito nada. Seria impensável depois deste esforço ir a uma festa de aniversário de saltos altos (aliás bem altos)
Estas perneiras valem cada cêntimo que custam…
RECOMENDO
Boa tarde,
eu também uso meias de compressão até ao joelho (medida standard para homem), mas para trabalhar. Basta-me fazer 16h seguidas para ficar com edema no pé e no terço inferior da perna.
Suponho que a utilização destas meias beneficie em termos musculares e circulatórios durante uma corrida. Gostava de saber que contra-indicações têm, se quem tem problemas vasculares poderia utilizar estas meias…
Não Hugo, nem um milímetro! 😉
Bom gosto destas meias são bonitas!
Ricardo, eu estou a começar agora a correr (por enquanto ainda no ginásio, na passadeira) e depois de cerca de 10 minutos a correr começam-me a doer os músculos da perna, o que achas que devo fazer? Sem ser usar as meias, que por enquanto prefiro não gastar dinheiro “em vão”.
Fica bem!
Diz lá em cima, 45€
Olá. Alguém me sabe dizer, se este tipo de perneiras durante a corrida não tem tendência para subir ou descer na perna? Obrigado
Está logo no 2º parágrafo: 45€ 🙂
Olá,
Este assunto interesa-me particularmente.
Eu, detesto correr, confesso. Se me pedirempara fazer Viana-Algarve a pé, respondo: bora lá! Agora correr…não me peçam,please!
Admiro imenso quem o faz e gosta.
Mas nem todos somos assim na família. O meu pai, com 75 anos até há bem pouco tempo corria 20km a cada 2 dias. Não falhava a S. Silvestre do Porto e dava-se muito bem com isso. ‘Não falhava’ porque há dois anos o médico aconselhou-o a parar com a justificação de que estava a sofrer desgaste das articulações (??). O que sei é que o homem deprimiu e agora passa horas a caminhar. Todos os dias é capaz de caminhas das 11h às 13h… e porque lhe têm que telefonar para ele ir almoçar…
Agora triste é vê-lo a ver as corridas em que participava, na TV e a lágrima no canto do olho. O ano passado ainda lhe propus acompanhá-lo na de S.Silvestre do Porto… claro que aqui a calaceira caminhava e ele ia em ritmo lento… uma vez não são vezes, mas não não quis. Não sei pelo meu sacrificio, se pela nostalgia…
Bem, não tem nada a ve com meias, mas apeteceu-me partilhar, o facto de que a corrida é para todas as idades,mas para quem gosta. Forçado, esqueçam!
Eu uso meias de desporto normais, normalmente curtas. Tenho de várias marcas e não sinto grande diferença entre umas e outras. Importante é que não tenham costuras muito grossas. Quanto às bolas, recomendo-te vivamente que uses um creme próprio antes de cada corrida, sobretudo se forem mais longas. Eu sofria imenso com isso e desde que comecei a usar nunca mais tive uma bolha sequer. Uso um creme da Nok próprio para isso, que se vende nas farmácias.
Ricardo,
Pelo que percebi estas meias protegem sobretudo a perna, quais sao as que normalmente usas nos pes? Comecei a correr sensivelmente ha 1 mes e estou a apanhar-lhe o gosto (note-se que nunca na vida tinha sequer corrido para apanhar o autocarro!), acontece que esta semana fui atingida pelas malditas bolhas no pe e desconfio que a culpa recai nas meias e nao nos tenis usados.
Obrigada por estes posts, inspiram e motivam!
Subscrevo tudo. E acrescento que já tenho as minhas (azuis) desde Abril, já levam centenas de quilómetros em cima e não perderam nenhuma qualidade, inclusive o cheirinho agradável.
bom post, fiquei esclarecido.
menos no preço.
podes indicar-mo, pf?
cumps