
O tema Bricolage gera frequentes conversas (que sobem ao tom de ligeira discussão) lá em casa. O problema é quase sempre o mesmo: cenas que têm de ser feitas, mas arrastam-se, arrastam-se e acabam adiadas sem data. Fazem-se, não se fazem é logo. Mas o verdadeiro drama nem é esse, o verdadeiro drama é que às vezes não ficam bem feitas, e invariavelmente leve como aquele olhar do “nem para isto serves” ou “já não se fazem homens como antigamente”. E como é que se explica que a culpa não é minha a uma pessoa que tem uma capacidade de concentração de 2 segundos, caso a conversa não lhe interesse particularmente?
E a culpa é de quem? Como é evidente (e óbvio para qualquer homem) a culpa é da parede. Mas passo a explicar — sobretudo às mulheres pouco dadas a esta coisa de fazer furos nas paredes.
A casa onde vivemos deve ter sido construída por uns aprendizes de pedreiro, que estavam ali a estagiar na empresa de obras, e ficaram responsáveis por fazer a massa das paredes. Aquilo não é bem parede, aquilo é uma mistura de areia com pedras e, aqui e ali, um pouco de cimento. E o que é que isto origina? Paredes em que é impossível fazer um furo em condições. Mas a minha mulher não entende isto.
A coisa é assim: vou fazer um furo na parede para pendurar um quadro. Agarro no berbequim, escolho a broca adequada e o sítio onde vou fazer o furo. Começo a perfurar e, imediatamente, abre-se uma cratera na parede. A broca tem 2 milímetros, o buraco fica com cinco. Isto porque, naquela zona, a parede é de areia. Mas não fica assim. A broca perfura dois centímetros e para, não avança mais, porque encontra uma pedra impenetrável. Nem com a broca para furar aço aqui vai. Resultado: não consigo enfiar a bucha na parede, para depois aparafusar.
Só que eu posso tentar fazer um furo cinco centímetros mais abaixo e aquilo fica perfeito. E faço outro cinco centímetros acima e volta a abrir uma cratera. Adaptando a frase do Forrest Gump, as minhas paredes são como uma caixa de bombons, nunca sabemos o que vamos encontrar.
Só que para a minha mulher a única que interessa é que o quadro fique pendurado na parede. Há dois anos que lhe tento explicar o drama das paredes, mas ela nem sequer tenta ouvir para entender. Ontem, depois de ter fixado três prateleiras (que ao fim de 10 minutos já estavam quase a cair (porque as buchas começam a sair da parede — já disse que aquilo é tipo areia?), ela começou logo com o tal ar de “mas nem uma prateleira sabes pendurar”. Então obriguei-a a parar 30 segundos e a olhar para mim. Disse-lhe:
— Ouve-me com atenção. São só 30 segundos. Podes tentar ao menos entender o que é que se passa com estas paredes?
— Sim. Diz lá.
— Então é assim: estas paredes é como se fossem feitas de areia. Assim que a broca entra…
Perdi-a. Já estava a fazer scroll no Facebook do telemóvel.
Desisto.
Pronto, ao menos espero que por aqui haja alguém solidário comigo.

Espero um dia ter no meu medalheiro, as de 42k!!! Não digo, 12, mas talvez 1 ou 2, quem sabe 😉
Percebo o drama. passei um ano sem candeeiro de tecto no quarto porque o senhor não sabia ligar os fios… Quanto à parede, também tivemos esse drama, mas chamámos um amigo com jeito para a bricolage e lá pendurou as prateleiras.
Como eu costumo dizer: relaxa que encaixa. Serve para muita coisa 😉
E espero que vocês continuem a encaixar.
Pode sempre experimentar o uso de bucha quimica (que expande na cratera feita pelo berbequim e aumenta a área de fixação)…
Pode ser que resulte nas vossas “paredes de areia”… Assim ganha pontos nas skills de bricolage e passa a ser o “arrumadinho prendado”…
Ou então pode sempre esquecer… sob pena de o número e dificuldade de projetos de bricolage aumentarem significativamente… 😀