A manchete do jornal “Expresso” deste fim-de-semana é preocupante para os jornalistas e para os portugueses. Para quem não leu, e muito resumidamente, o que se passou foi isto: as secretas portuguesas registaram ilegalmente os telefonemas e SMS recebidos e enviados por um jornalista do “Público”, Nuno Simas, precisamente o repórter que escrevia sobre as secretas. O objectivo era só um: descobrir quem era a fonte do jornalista.
Quando os serviços secretos portugueses usam os meios de que dispõem para sacar ilegalmente informações de cidadãos penso que chegámos a um ponto sem retorno. É preciso que se tomem medidas urgentes e imediatas. É inaceitável que não haja fiscalização ao trabalho destes senhores, que, assim, estão acima da lei, violam os direitos básicos das pessoas, e ninguém tem forma de o saber, já que os únicos com poderes para revelar essas informações são eles próprios.
Aguardo esta semana pelo seguimento desta história. Não é uma história de jornalistas. É uma história de liberdade.
Fiz este exercício mental: tentei colocar-me dentro da pele de um qualquer James Bond dos nossos serviços secretos. Se eu fosse um actor de telenovela brasileira, diria que fiz um laboratório. E o resultado final foi…
…que eu me fartava de rir por dentro com este post e os comentários em defesa da honra e dignidade dessa dama a que chamam de democracia.
Não me levem a mal. Não quero rir com a cara de ninguém, mas… façam lá o mesmo exercício e digam-me se não ririam também.
Em calhando, não. Talvez seja só eu e a minha mente pervertida. Se eu tivesse lata, eu dava um bom fora-da-lei!…
Ainda não li a notícia, mas o post foi o suficiente para sentir nojo deste grupinho de gente que se acha acima de tudo e todos. Isto passa claramente o limite do discernimento. E sim, isto é uma questão de liberdade… ou de falta dela, infelizmente.
A credibilidade do Público, para mim, deixou de existir, desde que se tornou uma ferramenta para derrubar o anterior governo.
Era só isto que queria apontar 🙂
Grave, grave e profundamente triste. A imagem de um Portugalinho inho. Ainda aguardo que o desfecho seja favorável à democracia e que não fique perdido na maionese de mais um inquérito que depois nunca se sabe no que deu.
João, Andreia e Mónica, eu sou o primeiro a concordar que um jornalista que ponha em causa a segurança do País ou que publique histórias que ponham em risco a vida de pessoas deve ser não só investigado como irradiado da profissão, já que nos cabe um papel – como alguém disse, e bem – de auto-regulação. Não me parece que tenha sido o caso do Nuno Simas, que não conheço, com quem nunca falei na vida. O Público é um jornal que me merece respeito e credibilidade e não me recordo de alguma vez ter feito uma notícia que pusesse em causa a segurança do País. As notícias sobre as secretas são, quase sempre, sobre o funcionamento inadequado da organização (como ficou ainda mais evidente com as recentes histórias de passagem de informação confidencial a uma pessoa que já nem trabalhava lá, mas sim na Ongoing). E é isso que incomoda as secretas. E foi por isso que quiseram saber quem era a fonte.
Se em causa estivesse uma informação confidencial de importância vital para o País, havia bom remédio: abriam um processo ao jornalista que, perante um juiz, seria obrigado a divulgar a sua fonte – é uma das excepções que estão previstas no nosso código deontológico.
Concordo om o João. Se alguém deixa passar informação, deve ser encontrado. Quem sabe se não é a mesma pessoa que passa informação a pessoas menos honestas, que vão ser julgadas, etc?
não li, mas vou ler à hora de almoço quando me emprestarem o expresso. Confesso que a minha opinião vai variar dependendo do que estava a ser materia de trabalho: se tem a ver com temas secretos, as fugas de informção são inaceitáveis. E os jornalistas por mt interesse que tenham em publicar têm que ter um sentido auto-regulador. Se é segredo de Estado, não pode ser capa de jornal a não ser que seja uma violação grave da lei (e mesmo assim, nos EUA sabemos que isso acontece e só 1% sai para a imprensa). Se for tema relativo aos esquemas pouco claros de funcionamento das secretas, nomeadamente promoçoes esquisitas, trafico de informações para o sector privado, trafico de influencias ou abuso de poder, DEVE ser denunciado.
Apesar de não estar de acordo, do que conheço das secretas, nao me espanta NADA que tenham feito isso ao jornalista.
O que falha, de facto, é ninguem ter mão nestes tipos e parecerem funcionar à margem do Estado que representam e ser tudo movido pela maçonaria
Acho que há muito tempo que a liberdade se foi, não é de agora. E, parece-me que quem é jornalista, sabe disso mais do que ninguém. Ou estou a dizer disparates?
Não estou muito por dentro do assunto, mas pelo que percebi, esse tal jornalista do Público tinha acesso a informação que deveria ser confidencial.
Assim sendo, não sei até que ponto não será legítimo usar estes meios para descobrir a sua fonte, já que a informação das secretas deverá ser isso mesmo: secreta. Ou não?
Se há alguém na instituição a passar informação cá para fora, tem que ser devidamente punido, e para isso, por vias travessas ou não, tem que ser identificado.
Mas confesso que ainda não percebi bem esta história.. e como os jornalistas escrevem sempre em defesa dos seus, não é fácil conseguir informação verdadeiramente esclarecedora.
é triste estarmos a perder, gradualmente, a nossa liberdade.. E a nossa privacidade.