Ainda em relação à obesidade

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Muita gente tem comentado o post que fiz ontem sobre a obesidade questionando o tom que usei e sugerindo que eu não devo impor a toda a gente que tenha um corpo escultural, e que essa ditadura do corpo perfeito é quase tão má como o problema do excesso de peso. Também há quem diga coisas como “tu também corres e sabes que corres o risco de ter um colapso cardíaco ou dar cabo dos joelhos, mas é uma opção tua, um risco teu” ou ainda “o que é que tens a ver com o facto de as pessoas serem obesas? Se querem ser, ninguém tem nada a ver com isso”, frases do género.

O melhor é responder num post, do que a todos os comentários, para clarificar, como já é hábito, o que muita gente não entende ou não quer entender.

Em primeiro lugar, não foi inocente o facto de ter colocado em caixas altas, a negrito e a sublinhado a expressão NÃO É UMA QUESTÃO ESTÉTICA E FÚTIL. Fi-lo, precisamente, para antecipar que as pessoas usassem o argumento de que eu estou a querer que todos pretendam corpos perfeitos. Em momento algum escrevi que as pessoas devem procurar ter o corpo perfeito. Eu próprio, estou muito longe de ter um corpo perfeito e escultural. Tenho as minhas gorduras, e até tenho tendência para engordar se começar a comer de forma menos regrada e a fazer menos exercício. Nunca fui obeso, acho que nunca tive excesso de peso, mas também porque sempre fiz esse trabalho preventivo, sempre fiz as minhas dietas, sempre pratiquei exercício e, com os anos, fui aprendendo a comer cada vez melhor. Tudo por iniciativa minha, porque sabia que se não o fizesse correria o risco de engordar, porque tenho essa tendência.

Todo o post que escrevi tem a ver com questões de saúde relacionadas com a obesidade e o excesso de peso. O texto é mais um alerta para quem sofre desses problemas, é um tocar de campainha para que as pessoas não deixem para amanhã a decisão de começar a combater este flagelo que está na base de dezenas de problemas que levam a algumas das principais causas de morte em Portugal. Não falei, não escrevi, não exigi corpos esculturais.

A imagem que apresentei como exemplo é, como é óbvio, uma imagem-choque, e só teve o impacto que teve, precisamente, por ser uma imagem-choque. Se no lugar de uma mulher bonita, toda definida, boazona, com uns micro-calções e um top estivesse uma mulher absolutamente normal, sem barriga, mas sem grande definição muscular, engraçada, sem ser boazona, mais vestida do que despida, então, que impacto é que iria ter? Nenhum. A linguagem que usei, e que a Maria Kang também usa, e que para algumas pessoas pode revelar insensibilidade, é também um pouco isso, uma linguagem-choque, porque se vamos andar sempre a dizer as coisas com paninhos quentes para não ferir susceptibilidades, então, a mensagem não passa, ou passa muito pior. Para mim, por exemplo, esta é a grande diferença do “Biggest Loser” americano para o português, e a principal razão pela qual o programa é um sucesso lá e cá nao funcionou: nos Estados Unidos, os instrutores não usam paninhos quentes, atiram à cara dos concorrentes que a culpa de eles estarem naquele estado é unicamente deles, e que a única pessoa que pode mudar o estado das coisas são eles próprios. Em Portugal, o enfoque das causas do problema NUNCA estava nos concorrentes, mas sempre em algo que aconteceu na infância, nos problemas do dia-a-dia, numa morte de um familiar, num divórcio, num filho trafulha, na genética, os concorrentes NUNCA eram os culpados de terem chegado àquele estado, o que é, como é óbvio, uma estupidez. Claro que haverá casos em que há efectivamente um problema na base de tudo, mas na maioria deles não é isso que acontece: as pessoas gostam simplesmente de comer, e de comer porcaria, e não gostam de tirar o rabo do sofá para fazer exercício, e o sedentarismo está na base da obesidade.

As imagens-choque e a linguagem-choque servem para nos obrigar a parar, e foi esse o efeito que a Maria Kang quis produzir, e foi esse o efeito que eu quis replicar no texto que escrevi.

Concordo com quem diz que as pessoas viciadas em exercício físico e que fazem tudo para manter um corpo perfeito, que tomam suplementos em excesso, que contam as calorias uma a uma, que se acham sempre gordas, que ambicionam sempre um corpo melhor, que passam três ou quatro horas por dia no ginásio também sofrem de um problema, e também podem vir a ter problemas de saúde devido a isso. Mas essa é toda uma outra questão, que nada tem a ver com o que escrevi. Faria sentido falar disso se fosse isso que eu estivesse a defender, e não é. Defendo uma reeducação alimentar, uma necessidade de combater o sedentarismo e praticar exercício como formas de melhorar a nossa saúde, o nosso bem-estar, a nossa auto-estima, e, com tudo isso, melhorar a nossa vida emocional, afectiva e afastar depressões e estados negativos. Isso faz-se, claro, com força de vontade e espírito de sacrifício.

Alertava um comentador (o Nelito) para o facto de eu estar a escrever como se fosse a posição de um vencedor sobre um vencido, argumentando que não posso esquecer todos os que querem mas não conseguem, e dando o exemplo do “Biggest Loser”, em que todos partem nas mesmas condições, mas nem toda a gente consegue. É verdade, tem razão neste ponto. Na verdade, nem todos conseguem. Mas a questão é que todos devem tentar, porque entre os que tentam há sempre os que conseguem. Estes alertas servem, precisamente, para que haja mais gente a tentar, porque, seguramente, haverá mais gente a conseguir. Nem toda a gente vai vencer, haverá pessoas que vão ficar frustradas e depressivas por não conseguirem, é efectivamente verdade, mas essas mesmas pessoas têm de ter consciência de que podem falhar à primeira, à segunda, mas se calhar vão conseguir à terceira, o que importa é nunca pararem de tentar, é acreditarem, é tentarem sempre dar um pouco mais delas.

A discussão sobre o estado depressivo é um bocado como a discussão do ovo e da galinha. As pessoas estão deprimidas porque são gordas ou ficam gordas porque estão deprimidas e refugiam-se na comida? Há uns casos em que o primeiro exemplo faz sentido, há outros em que é ao contrário. Cada pessoa tem uma história diferente. Agora, o que me parece óbvio é que os resultados positivos de uma dieta, a sensação de bem-estar após a prática do exercício, aquele momento em que percebemos que o nosso corpo começa a mudar, em que começamos a vestir uns números mais baixos, em que a roupa velha nos começa a ficar larga funcionam como injecções de adrenalina na auto-estima, combatem a depressão, geram felicidade, aumentam a motivação. Ou seja, quem está deprimido porque tem peso a mais, poderá deixar de ficar deprimido quando perceber que o esforço está a compensar. Agora, esse esforço tem de ser continuado, e os resultados não aparecem em três ou quatro semanas. Começam a ser visíveis ao fim de três ou quatro semanas, mas só se notam a médio prazo, a três meses, seis meses, um ano. É preciso dar tempo a que o nosso corpo se vá adaptando às novas necessidades alimentares e físicas.

Agora, acho injusto é dizerem que o meu texto só gera mais frustração nas pessoas. Essa é uma das tais desculpas que recuso. Não sou culpado da frustração das pessoas por serem gordas. As pessoas não estão todas muito felizes e contentes da vida com o seu excesso de peso, lêem o meu texto e ficam deprimidas. Se ficam deprimidas é porque já estavam deprimidas. E se com o meu texto conseguir que pelo menos uma pessoa levante o rabo do sofá, pare de comer porcarias e comece um plano de reeducação alimentar, de prática de exercício e inicie mais uma tentativa para combater a obesidade, então, já fico muito feliz. Isso acontece-me com os textos que escrevo sobre corridas. É rara a semana em que não recebo um mail de algum leitor a agradecer-me porque depois de me lerem começaram a correr e, naquele momento, já conseguiram algo que achavam impensável, como correr 10 km ou uma meia-maratona. Isso é reconfortante e dá-me uma responsabilidade maior, a de não parar de tentar motivar as pessoas para que tenham hábitos de vida mais saudáveis.

Isto vem ao encontro de outro comentário, de uma leitora que se indignou comigo argumentando qualquer coisa como “o que é tu tens a ver com o facto de as pessoas serem gordas?”. É mais ou menos a mesma coisa que dizer “O que é que tu tens a ver com o facto de as pessoas quererem fumar?”. Na verdade, não tenho nada a ver. Cada um toma as opções que quer e é livre de o fazer. Nunca discriminei ou maltratei uma pessoa por ser gorda ou por fumar. E jamais o farei. Agora, nada me impede de as tentar motivar para que mudem esses hábitos que estão na base de algumas das doenças mais mortais em Portugal. O que é que a todas as associações ligadas à luta contra a obesidade têm a ver com o facto de as pessoas serem gordas? Nada, mas entendem que devem fazer um trabalho preventivo e de divulgação para incentivar as pessoas a combaterem esse problema. É a mesma coisa. Não sou uma associação mas tenho uma voz, e acho que a posso usar para aquilo que bem entendo, para as causas que entendo. E esta é uma delas.

Por fim, uma palavrinha para a comparação entre os riscos da obesidade e os das lesões ou problemas originados pela corrida. Se calhar não vale a pena essa palavrinha. Acho que só quem não quer mesmo entender é que pode comparar um problema que mata milhares de pessoas por ano com outro que causa milhares de entorses por ano.

42 Comentários

  1. Acho que as pessoas se preocupam demasiado com a opinião que os outros têm do nosso corpo e peso.
    Para mim o exercício e alimentação é uma questão de saúde e não de estética.
    Não tenho corpo perfeito mas gosto de mim e do meu corpo.
    E faz-me muito confusão as recém-mães cuja grande preocupação é voltar ao corpo pré-parto. Na imagem que postou vejo uma mãe que mal sai do hospital está preocupada com o corpo e não com a maternidade. (Se os filhos fossem 5 ou 10 anos mais velhos aí sim, veria uma mãe de 3 que não descambou, e isto falando do contexto americano que é muito, muito diferente do nosso).

    Só nós temos culpa do nosso peso e da nossa forma física. Mas nem todos temos as mesmas prioridades. E se para alguns é fundamental ter o peso ideal, para outros ter 5kg a mais (com saúde e forma física) é irrelevante.
    Há que aceitar que nem toda a gente tem as mesmas preocupações estéticas.

  2. Mas há muita gente que não quer saber de ser saudável e quer viver a vida como lhes apetece. E não há mal nenhum nisso. As consequências vão ser delas e não nos afetam.

  3. De facto, é verdade que temos sempre tendencia a culpar um aspecto, acontecimento de vida, para justificar o nosso excesso de peso. Eu, por ex, considero que os meus pais não me souberam dar uma educação alimentar. São ambos magros, tem uma alimentação regrada, com uma actividade física vigorosa fruto da sua actividade profissional. Ora eu, nunca tive regras alimentares. Nunca tive noção de quando parar com os doces, com as tostas mistas, e com os avós a gerirem um café, está-se mesmo a ver onde isto foi parar, certo?
    Nunca foi assim tão mau. Andei sempre com o IMC entre 25-27, excesso de peso, é certo, mas corrigível.
    Mas agora, estou a passar por uma fase da minha vida em que não tenho motivação para nada. Não tenho muito tempo livre, é um facto, mas isso não é desculpa. O meu problema actualmente é a falta de motivação, a falta de vontade de ultrapassar os problemas e fazer algo por mim… Aliada a uma clara falta de educação alimentar… percebe-se bem o que se quer dizer com “de pequenino se torce o pepino” certo? Compreendo o que pretende com o texto, mas acredite que, se para alguns leitores dá raiva algumas frases, pode crer que, a mim, enche-me de tristeza. Porque actualmente não tenho qualquer motivação…
    Ainda hoje passei por uma situação com um familiar, em que basicamente a pessoa em questão justificou o facto de eu não querer experimentar uma peça de roupa pelo facto de estar “assim”.
    E eu perguntei-lhe: assim como?
    Pessoa: assim, neste estado, porque senão compras, emagreces, e fica-te tudo largo!

    Eu, como gorda, acho que o respeito é bonito, e recomenda-se 🙂
    cumprimentos
    Carolina

  4. Concordo consigo acerca do ficar sempre a comer. Eu fiz uma grande dieta e perdi o peso que quis, mas agora como sempre com cuidados e nos dias que como algo mais pesadito, tomo cuidado nos outros dias.

    Infelizmente muitas pessoas caem no ciclo iô-iô, fazem dieta e voltam a comer o que comiam dantes, num ciclo sem fim.

  5. Completamente de acordo. Mas depois vêm estas pessoas dizer aqui (e como o fizeram no outro post) que o SNS é para todos e bla bla bla… mas depois se vêem uma notícia de que o Governo cortou em não sei quê ou virem os seus salários a descer, já são capazes de se indignar. Meus amigos, o dinheiro e os recursos que temos não dão para tudo. E eu também prefiro (e defendo) que os meus impostos sirvam para tratar quem realmente merece e não quem inventa mil desculpas para pesar 100kg e não mexe uma palha para o fazer.

  6. Não seja assim Maria.

    De facto, quem está gordo é porque comeu de mais. Mas se seguir a lógica do se a culpa é dela não deve ser tratada, garanto-lhe então que muitos doentes com cancro não seriam tratados.

    Tem cancro do pulmão/garganta/língua e fumava? Não opero.
    Tem cancro do colo do útero e fazia sexo desprotegido? Não opero.
    Tem cancro de pele e ia esturricar-se para a praia? Não opero.

    Etc.

    Esses juízos de quem “merece” ou não ser tratado são muito perigosos e digo-lhe que se seguissem essa lógica uma boa parte da população que vai aos hospitais não seria tratada e muitas dessas pessoas não seriam gordas, pois uma boa parte das doenças são causadas pela falta de cuidado dos doentes.

  7. Aqui a única pergunta mal formulada é o “porque é que deve tentar ser mais saudável?”
    Uma questão é a estética e o bem estar de cada um!
    Outra coisa é tentar ser mais saudável… Claro que todos devemos tentar ser mais saudáveis na medida que queremos viver muito tempo e com qualidade de vida.

  8. Permita-me que discorde, mas no Biggest Loser americano diria que nem 10 concorrentes de todas as edições voltaram a ganhar peso. Talvez uns 5kg depois de saírem mas que entretanto fazem o esforço para perder.

    A grande questão aqui é o esforço, é claro que podemos perder 10kg com uma dieta, mas se depois de os perdermos voltarmos ao estilo de vida anterior não vale a pena. As pessoas (gordas ou magras) têm de perceber que por muito que adorem bolo de chocolate não o podem comer todos os dias. Comam só ao fim de semana por exemplo.

    Eu adoro comer, tanto comida como doces, mas sei que se passar o dia com o rabo no sofá a emborcar batatas fritas como se não houvesse amanhã, seguidas de uma tablete Milka e para finalizar encomendar uma pizza para o jantar… não estou no bom caminho. Não estão mesmo à espera de emagrecer com este estilo de vida pois não?

    Assino por baixo o que o Arrumadinho disse, eu estou muuuuito longe do corpo perfeito, tenho pneuzinho e celulite, mas faço por me alimentar melhor, e se hoje exagero amanhã compenso e como um peixe grelhado. Porque, in the end, o que interessa não é sermos esculturais é estarmos bem de saúde.

    Além de que existe uma diferença entre olharmos para o espelho e pensarmos ‘posso perder mais peso e sentir-me melhor, vamos a isso!’ e ‘estou tão mal que esta gordura nunca vai desaparecer, vai outro pacote de batatas porque estou deprimida’

  9. Precisamente por causa do exemplo do corte de tratamentos de cancro, e da insensibilidade reinante, é que não queremos abrir a Caixa de Pandora de limitar tratamentos de saúde com base nos comportamentos pessoais. É que começamos nos obesos, passamos aos fumadores, de seguida as pessoas que usam sal e tem hipertensão, depois as lesões de desporto porque o desporto é optativo…percebe onde quero chegar?

  10. É verdade que cada um faz aquilo que quer do corpo. Mas acho estranho que só se associe o exercício à estética e não ao bem estar geral de saúde. Engraçado,como os Países em que a prática do exercício está fortemente implementada(o Japão por exemplo),as pessoas vivem muito mais e com mais qualidade de vida à medida que envelhecem. Só por essa razão,já vale a pena a pessoa se mexer! Aliando a isto,um corpo bonito,melhor ainda!

  11. Com o SMS a recusar tratamentos a doentes com cancro, por falta de verbas, (é verdade! Tenho casos de pessoas amigas nessa situação. Sim pessoaS , plural) desculpe-me a insensibilidade mas recuso que os meus impostos sirvam para tratar pessoas que ainda têm a “lata” de dizer que ninguém tem nada a ver com o facto de serem obesas e, depois , quando os problemas surgem, vão a correr e exigem serem tratadas pelo SMS. É verdade que cada caso é um caso. Mas a maior parte das vezes, a solução é mesmo fechar a boca e passar a comer de forma mais saudável. Mas não sabe tão bem, não é verdade?

  12. Mas porque hão-de as pessoas achar quase sempre, que quem faz exercício físico é por uma questão estética?? Eu faço-o porque me sinto bem. Porque me faz bem. Faço-o com prazer,não por obrigação. Tento implementar um estilo de vida saudável,que do meu ponto de vista é uma grande ajuda para o bem estar geral de saúde. Se os médicos num geral incentivassem mais a prática do exercício físico,uma alimentação equilibrada e receitassem menos medicação,tantas coisas seriam evitadas. O problema é, que quem não gosta há-de sempre encontrar as suas desculpas. Como eu encontro as minhas para o fazer. Ninguém tem de ser julgado por gostar ou não de o fazer. É uma opção. Pode ser para quem não o faz,uma questão de futilidade e de andar em “carneirada”. É uma maneira de ver as coisas quando não agrada. Para mim,é uma questão de saúde e bem estar. E se conseguir melhorar o meu aspecto físico,melhor ainda.

  13. Eu estou cheia de inveja, saudável, da Maria. Já gostaria eu de ter essa energia de conseguir mexer o rabo todos os dias. E tens razão, tirando raras excepções, depende de nós e da nossa força de vontade.

  14. Concordo, a depressão não engorda ninguém, contudo, experimente ler os efeitos secundários os medicamentos para tratar a depressão. E há depressões por hipotiroidismo, o que implica, entre outras coisas, baixo metabolismo, logo aumento significativo de peso.

  15. Concordo totalmente com o comentário. Cheguei a ouvir comentários de uma pessoa muito próxima com excesso de peso (ganho por uma questão médica e não por maus hábitos alimentares/falta de exercício/etc.) que me partiram o coração: “Para que é que me vou arranjar…? Mas achas mesmo que alguém repara que eu existo?”.

  16. Olá Ricardo.
    Nunca liguei muito ao meu peso. Adoro fazer desporto mas também adoro o comer e como sempre fui forte nunca liguei muito até à pouco tempo..
    Não tinha costume de me pesar, sempre pensei que se me sentisse bem com o meu corpo nada de mais importava só que numa consulta de rotina percebi que estava com excesso de peso e que tenho de perder peso.
    Cheguei a essa conclusão por mim e não porque as pessoas dizem “Estás gorda!”, estou a tentar perder peso porque quero sentir-me melhor com o corpo que tenho e não quero que aconteça algo com a minha saúde por causa do meu peso.

    O pior para mim é mesmo começar a ter uma alimentação mais equilibrada mas para isso acho que vou ter de recorrer a um nutricionista. Será o melhor.

    Enfim, se a Maria consegue eu também

    Beijinhos*

  17. Mas continuo sem perceber, porquê? Porque é que as pessoas devem tentar?
    Se uma pessoa aceitar o seu corpo tal como ele é e for assim feliz, porque é que deve tentar ser mais saudável?
    É só isso que não percebo.

  18. Mas tu ainda ligas ao que as pessoas dizem?? Se são gordos ÓBVIO que é culpa deles. Seja por doença, falta de cuidado, comer muito e mal, problemas etc, etc, só a própria pessoa é que se permite chegar a esse ponto. E os gordinhos são as pessoas que mais vivem em negação, se lhes fores a perguntar nunca é culpa deles, porque até comem pouco e de maneira saudável. E muitas vezes nem com sustos mudam de atitude. Mas com paninhos quentes muito menos!! Por isso, acho muito bem que assim fales e parabéns pelo post, infelizmente não podemos mudar o mundo, mas se com os teus textos conseguires mudar a vida de 1 ou 2 já é uma vitória.

  19. Falo como alguém que nunca lidou com excesso de peso mas que tem amigos de todos os tamanhos, desde os que lidam com a anorexia à obesidade: o que falha e magoa no teu argumento é a questão da culpa. Não é ao culpabilizarmos alguém que o/a responsabilizamos e mudamos comportamentos. Por detrás do excesso de peso não está uma pilha de cupcakes não recusados; na maioria das vezes, está uma grande falta de auto-estima. E essa não se ganha com imagens-choque nem com mensagens inspiradoras.

  20. Nem vou comentar a polémica porque acho ridícula!

    Agora os problemas associados aos maus hábitos de vida são indiscutíveis.
    É altura de deixar o estado de negação, de baixar as defesas, de nos protegermos daquilo que não nos convém, de nos enganarmos a nós próprios…
    É altura de dizer chega e encarar a mudança de frente!
    É um processo que se desenvolve gradualmente, mas o primeiro passo dependerá sempre de cada um!
    Não, não é fácil, mas com força de vontade, com estratégias, com apoio, chega-se lá!
    Nós funcionamos muito em espiral. Se entramos numa espiral de desgraça, numa espiral depressiva, lá vamos desamparados por aí abaixo. Mas se pelo contrário, queremos mudar, estamos confiantes, focados, com objetivos, com vontade de melhorar a nossa vida, as coisas vão se compondo, começam a ficar claras e a fazer sentido. Entramos então numa espiral positiva centrada na mudança.
    No caso específico, não será de estranhar que a iniciação ou incremento do exercício físico levará aos necessários cuidados com a alimentação e a todo um conjunto de hábitos de vida saudáveis…
    Poderão surgir tentações, deslizes, mas estes não significam necessariamente uma desistência. Não será necessário voltar para trás. É continuar daí para a frente, quem sabe, ainda mais determinados!
    Depois de se consolidarem estes novos hábitos e os resultados começarem a aparecer, a nossa confiança e a autoestima estarão num nível superior. Ganha a nossa saúde e ganha o nosso espelho, ganhamos nós!
    Depois disso tudo, quero acreditar que o difícil agora será voltar para trás…

  21. Caro “Arrumadinho”, deixe-me desde já dar-lhe os parabéns pelo seu blog e especialmente por este post.
    Realmente à muito (demasiado) tempo que se anda a verificar que há um problema, que esse problema está a ter repercussões na vida quotidiana das pessoas, que essas pessoas estão a passar à geração seguinte a ideia errada do que é comer de forma saudável o que leva a outros problemas mais graves que se poderão entender como “violência contra as crianças”.

    É necessário mexer com as consciências e se o seu post anterior recebeu tantas críticas é por que de alguma forma cumpriu a sua função.
    Tenho um tipo de corpo como aquele que refere como sendo o seu, que à mais pequena asneira me coloca mais uns quilos no mostrador da balança, o que me têm obrigado sempre à prática desportiva. Umas vezes corrida, outras ginásio, outras BTT outras ambas, depende da minha vontade, da disponibilidade de tempo e essencialmente das condições climatéricas. A esse nível não posso dizer, como afirma, que nunca tive excesso de peso, sendo que já cheguei perto dos 88 kilos para o meu metro e setenta e quatro, colocando-me no escalão dos pré obesos.
    Espero que continue a despertar consciências e que estas possam servir para que pelo menos uma ou duas pessoas mude a sua atitude, já será uma vitória.

  22. Caro Ricardo,
    O discurso utilizado no post anterior não me chocou particularmente. Agora cada indivíduo tem a sua interpretação: pode ofender, desmotivar (ainda mais), ou motivar e lutar contra o sedentarismo e a má alimentação. Mas foi este tipo de discurso linguagem-choque que me fez levantar “my ass” do sofá e mudar radicalmente a minha vida.
    Nunca fui magro, até agora. Num ano e meio, perdi 35kg. Agora, corro todos os dias: 10, 15 ou 21 kms e devoro a comida como nunca…
    O segredo: FORÇA DE VONTADE
    PS: E depois de ler o seu post, só me deu mais vontade para ir correr.

  23. Concordo com tudo o que escreveu aqui e no post anterior.
    Alias tenho uma perspectiva de ver as coisas muito parecida com a sua..

    Realmente ainda há muito a fazer para se mudar a mentalidade das pessoas, não se pode dizer nada porque se não caem logo em cima, se por acaso tivesse escrito o post anterior de outro modo , haveria quem não concordasse de certeza, mas isso já se sabe nem todos concordamos com o mesmo, não é isso que está em questão.
    Temos maneiras de pensar diferentes como é claro, só que há uma diferença, há pessoas que expressam a sua maneira de pensar sem ter consciência, e aqui eu vejo sempre tudo o que diz da melhor maneira e demonstrando a sua opinião.

  24. Concordo com tudo o que disse no post anterior sobre o assunto e com o que diz neste.
    Tive a postura passiva que descreve durante muito tempo, mas muito do que li neste blog deu-me “raiva” para fazer algumas coisas por mim.
    E o efeito viu-se imediatamente… pessoas que me dizem que tenho um ar feliz, simpatia, à vontade… auto-estima basicamente.
    E as melhorias a nível físico traduzem-se noutra confiança a nível interpessoal e profissional.
    Por isso, e apesar de saber que não tenho o direito de o fazer, peço-lhe apenas para continuar a dar uso à voz que tem.
    A verdade é que ajuda…

  25. A depressão não engorda ninguém!!! Esta é uma verdade que incomoda muita gente!
    O que engorda é comer e não fazer nada… e eu sei do que falo pois tenho excesso de peso porque gosto de comer! E podia arranjar mil e uma desculpas para estar como estou (tenho várias situações na minha vida que dariam boas e consistentes desculpas para ter engordado) mas o facto é que comer é que engorda… e comer mal engorda mais!
    Carla

  26. Eu gosto bastante do tom do blog e muitos dos posts fazem-me sentir motivada para praticar exercicio físico. Apesar de ser obesa não me sinto insultada, sinto-me mais motivada.

    Já cheguei a ir a um encontro de pessoas obesas e devo dizer que fiquei super desiludida. Pensei que aquilo seria uma oportunidade para ganhar alguns companheiros para o exercicio físico, pensei que ia ser um apoio extra na jornada da perda de peso… mas a realidade é que as pessoas só queriam discutir cirurgias (banda gástrica, bypass, balão, whatever). No grupo estavam alguns individuos que já tinham feito a cirurgia (pelo SNS) e perdido uns 100 quilos… e o resto do “rebanho” andava só atrás deles a querer saber como poderiam também eles fazer cirurgia para consertar a coisas.

    Ninguém quer seguir o caminho árduo e saudável para perder peso. Procuram sempre a solução fácil.

    Já vi uma frase motivacional que dizia: “Demoraste mais do que um dia a ganhá-lo, por isso vai demorar mais do que um dia a perdê-lo”. E é verdade. Nem um dia… nem um mês… é preciso lutar durante muito tempo para atingir este tipo de objectivo de forma saudável.

  27. Eu fiz este comentário a um post anterior:
    “Se rebentar o joelho a correr ou tiver uma ruptura muscular, ou um problema cardiaco derivado do esforço da corrida, porque é que há-de o SNS me salvar? Eu é que quis ir correr!
    (dada a falta de sensibilidade, informo que está aqui muita ironia)”

    Não sei se haverá mais ou não, mas se o seu comentário é devido a este, então peço que faça como aconselha e leia de novo.
    É um comentário irónico de resposta a quem acha que fumadores e obesos não deveriam ser tratados pelo SNS, afirmando que são responsáveis pelas suas acções. Não estou a falar dos riscos de obesidade e correr. Estou a falar que muitos dos nossos problemas de saúde são derivados das nossas acções e que o SNS é universal. E acho que não queremos trilhar o caminho da discriminação em tratamentos de saúde por via das nossas acções, pois não?

  28. Gosto muito de ler o seu blog, mas às vezes fico completamente transtornado com as coisas que lei aqui! Será que todos têm de ser igual a todos? Não podemos pensar pelas nossas próprias cabeças? Será que todos temos de fazer exercício físico? Não temos todos de fazer exercicio físico, e ter corpos moldados pelas máquinas do ginásio e músculos hiperatrofiados ! O conceito de beleza muda ao longo dos tempos, basta olhar para as fotografias dos nossos antepassados aristocratas, todos tinham formas arredondas e “gordinhas”, o que era sinal de pertença a uma classe social mais elevada , e não tinham necessidade de trabalho fisico , pois que era magro e moreno era quem trabalhava no campo e tinha menos possibilidades. Hoje em dia as coisas mudaram, principalmente nas grandes cidades as pessoas tem uma noção de ser igual a todas as outras. Se todas correm, todas devem fazer o mesmo porque está na moda. Amanhã se estiver na moda saltar à corda toda a gente anda aos pulos e a saltar à corda! Parecem rebanhos onde todos fazem o mesmo e o mais engraçado é que pensam que são diferentes… Pensem por vocês próprios e deixem de comentar e tentar impor estilos de vida!

  29. Vocês Blogs muito conhecidos e com milhões de leitoras..passam a vida a justificar-se por comentários que fazem aos vossos blogs. Não se justifiquem.. simplesmente não liguem.. quem quer lê, quem se sente incomodado pois não leia.. e por ai adiante. Um Blog é um espaço privado.
    Ponto final paragrafo.

    😉

    Eu sei é preciso ter sangue de barata!

  30. Pensei que um post tão bem argumentado, não viesse gerar mais uma vez os típicos comentários, mas já se sabe que é um assunto que gera sempre alguma controvérsia.
    Quanto ao dizer que no Biggest looser português o enfoque da causa da obesidade estava sempre associada a algum problema da infância, etc etc, não deixa de ser uma verdade de que por norma a obesidade está associada a distúrbios emocionais. No entanto não deixa de ser culpa da pessoa como é óbvio….
    Eu tenho algum excesso de peso. Se gosto? Claro que não! Se tenho feito algo para o mudar? Também não. Tenho perfeita consciência que é falta de força de vontade, preguiça, tanta coisa, mas a culpa é exclusivamente MINHA.
    É sempre mais fácil odiar alguém por ter um corpo em forma, de que assumir que temos um corpo que não gostamos por nossa culpa. Mas há que ter discernimento para ver as coisas como elas são, e neste caso eu subscrevo na totalidade tudo o que disse!

  31. Abstendo-me de toda a polémica, vou deixar um comentário de alento a quem tem uma jornada longa pela frente na luta contra o excesso de peso.

    Após 4 filhos, a minha mãe manteve o seu peso inicial de 62kg para 1,70m. A toma de uma medicação fortíssima fê-la engordar 20kg num ano e meio. 18 anos, mil e uma dietas falhadas, várias inscrições desperdiçadas no ginásio e muito drama nos provadores das lojas. Só quando ela decidiu que era agora ou nunca (“Vou fazer isto por mim, mas também para que vocês se sintam orgulhosos de mim pela vitória.”, disse ela) é que conseguiu.

    Prevemos que para a semana volte a entrar na casa dos 60’s e 14kg já foram! Recebe elogios de toda a gente e diz que só para quando chegar ao peso com que sempre sonhou. Com ela funcionou a natação e as caminhadas aliadas à dieta Dukan.

    Neste momento, penso que, se a minha mãe conseguiu isto, eu consigo tudo. Estou muito orgulhosa e acho-a uma vitoriosa!

    Força para os corajosos que perceberem que está tudo na vossa cabeça!…

  32. Gostei bastante mais do tom neste post. De facto deve-se promover a boa saúde, mas acredito que se pode fazer isso de um modo menos crítico, como fizeste aqui. Acho que os mal entendidos criados foi a forma como elaboraste o discurso.

    A única coisa que discordo aqui é a tua opinião acerca do Biggest Loser Americano, porque infelizmente não é tão fantástico quanto isso. Alguns ex-concorrentes conseguem manter a forma, mas uma boa parte volta a engordar (acho que um dos vencedores chegou mesmo a engordar tudo o que perdeu) porque a motivação de alguns é mais o prémio final (não censuro, lá de facto os prémios são muito aliciantes) do que outra coisa. Para não falar de que no Biggest Loser chegam a treinar até 8 horas por dia, algo que depois não conseguem fazer na vida real.

  33. Ricardo todos os dias venho ler o teu blog e o da Ana por um motivo, porque aqui encontro coisas engraçadas que me fazem rir e outrs (como esta e como os post’s sobre corrida e exercicio (mesmo que não possa fazer como vocês))que me têm ajudado a resolver-me a mudar certas coisas… não consigo tudo de uma vez? entao tenho de tentar uma de cada vez…

    Parabéns aos 2 pelos blogs e continuem porque pode haver gente que não gosta, mas acredito que há mais a gostar…

    Beijos para ti, para a Ana, para o Mateus e Henrique e para o Manolo que tem muita pinta na TV.

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