A pressão

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Muitas relações vivem sob pressão. São os amigos e a família que pressionam para que haja um pedido de casamento, depois é a pressão para que o casamento aconteça rapidamente, a pressão para que chegue o primeiro filho, o segundo filho, e quase sempre esse peso vira-se contra o casal, tornando-o menos feliz, mais stressado, retirando prazer e espontaneidade às acções.

Vivemos cada vez mais numa sociedade em que as coisas têm de acontecer, e têm de acontecer depressa e bem, porque parece que estamos a correr contra o relógio, quando, de facto, não há pressa para nada, e a única urgência deveria ser a da nossa felicidade. Mas até nisso sinto que há pressa. As pessoas já não percebem a expressão “felizes para sempre” e querem é ser felizes a toda a hora, coisa que não existe, e que é diferente de ser feliz para sempre. Ninguém é sempre feliz, mas muita gente consegue ser feliz para sempre.

O que nos empurrou para isto foi este mundo que nós construímos, no qual estamos metidos, e que cultivamos, o mundo do Facebook, em que a felicidade do momento tem de ser partilhada na hora, porque senão parece que já não é completa. Já assisti a cenas de pessoas estarem em sítios maravilhosos, mas amarguradas, porque não conseguem fazer um upload de foto no Facebook, e isso é suficiente para as deprimir, em vez de aproveitarem o facto de estarem ali, num sítio onde provavelmente não voltam tão cedo. As redes sociais parecem hoje uma espécie de jornais online individuais em que cada um tenta actualizar o seu estado mais vezes, com mais velocidade, com mais originalidade e criatividade possíveis. O imediatismo está a matar a espontaneidade e a retirar prazer aos momentos que deviam ser de desfrute.

Também nisto as pessoas se sentem pressionadas – têm de colocar nas redes sociais que estão aqui ou ali, postar uma foto, dizer qualquer coisa, porque senão parece que os outros não vão acreditar. As pessoas são pressionadas por um sistema no qual acreditam, que fomentam e do qual tiram prazer. Contra mim falo, que também tenho página no Facebook (se bem que a minha página pessoal é um marasmo, não se passa por lá nada de relevante), que também me preocupo em actualizar o blogue com frequência, algumas vezes porque sei que há, desse lado, expectativas de quem me gosta de ler, e eu não gosto de as defraudar.

Este manto que criámos sobre nós, e que nos está a tapar o sol, parece-me uma coisa sem retorno. Acho que as coisas nunca mais vão voltar a ser como foram, e a verdade é que se todos olharmos para trás iremos perceber que nos tempos em que não havia nada disto, nem Facebooks, nem telemóveis ligados à net, éramos igualmente felizes, provavelmente mais felizes, até.

A única forma que vejo de conseguir melhorar um bocadinho isto é se todos fizerem um esforço para, de vez em quando, desligarem do mundo, dos outros, das notícias, das actualizações de estado, dos uploads de fotos, da partilha de conteúdos, dos telemóveis, e focarem-se em si, na pessoa com quem estão. Acho que aos poucos vamos percebendo que, afinal, conseguimos ser felizes no mundo de ontem, mesmo vivendo no de hoje.

1 Comentário

  1. Concordo. Só um pequeno detalhe. Fui a Barcelona, México, estive no Rock in Rio.. e partilhar isso tá quieto. Não me parece que me vá fazer feliz partilhar uma coisa minha, uma coisa que estou a sentir, uma coisa tão intima como os meus sentimentos na altura. E porque é que se partilham coisas no facebook dessas? Simples, para fazer ciume para se sentirem importantes, nada mais. Somos portugueses, é da nossa natureza querer fazer ciumes para nos sentir-mos melhores, superiores. Whatever, ao longo do tempo as pessoas apercebem-se que isso é do mais ridiculo que pode haver.

  2. Arrumadinho, falaste da pressão da familia para o casamento, filhos, … Podias falar sobre o contrário? sobre pais que tentam ao máximo manter os filhos em casa, tentando impor barreiras à união dos filhos a outra pessoa, por medo de serem passados a segundo plano? Acho que seria interessante.
    É cada vez mais frequente, e em idades cada vez mais avançadas.
    Obrigada

  3. Não tenho facebook e não penso alguma vez ter.
    Não sinto essa necessidade de partilhar fotos minhas e partilhar amigos com pessoas que não conheço de parte alguma.
    Assustam-me aquelas pessoas que me dizem. Andei à procura do teu facebook e não encontrei. Como se fosse uma qualquer obrigatoriedade todos terem um. E porque raio vão à minha procura pensando que tenho facebook. Para saber exactamente o quê? Se querem saber algo sobre mim. Perguntem. Tão simples quanto isso.
    Tenho um blogue desde Fevereiro. E já estou a pensar encerrar. Não porque esteja decepcionada, antes pelo contrário. Chega a ser estranho aperceber-mo-nos que cada dia que passa, conquistámos mais alguém que passou a visitar-nos diariamente. Essa parte dá-me satisfação.
    Mas o mundo virtual continua a não me seduzir. Gosto de ouvir a voz das pessoas. Gosto de ver o sorriso. Gosto de olhar nos olhos. Gosto da partilha que só se tem quando estamos frente a frente. Gosto do olhar que se comove. Gosto destas coisas ao vivo e a cores. Preciso delas para me sentir minimamente feliz. E se não sou feliz, não sou nada. Não sinto nada. E francamente não quero ser assim.

  4. Adorei o teu Post. No meu caso decidi há uns meses cancelar a minha conta no Facebook, porque simplesmente conclui que de pouco mais se trata do que uma fonte de cusquices e jogos aparências, que a verdadeira utilidade que pretendia do FB (manter contacto com amigos distantes)estava longe de justificar manter uma página minha activa.
    Não foi exactamente fácil, não vou ser hipócrita, no inicio ressaquei um bocadinho, mas rapidamente compensou e hoje não tenho saudades nenhumas, pelo contrário, vivo muito mais "descansada" sem a pressão do FB e de ir ver o meu FB e o dos outros. Sem a pressão de ter que partilhar só porque sim.
    É estranho mas é verdade, sugiro a quem quiser que o faça, cancelar (nem que seja por uns tempos) o FB e experimentar voltar ao mundo e à utilização da Internet sem FB.

  5. Tenho 28 anos e não tenho, nem nunca tive, facebook.
    Nunca senti necessidade de partilhar a minha vida com os outros de forma "virtual" e, muito menos, de forma atualizada. Nunca senti necessidade de "cuscar" a vida dos outros. A mim interessam-me os "meus", saber se estão bem, partilhar os pequenos e grandes pormenores da nossa vida. Mas para isso servem os jantares quinzenais, em que cada tópico de conversa é uma novidade, entre risadas e copos de vinho ;-). Não gosto de me expôr. Não gosto que me avaliem pelas minhas fotos (aliás, considero-me uma pessoa muito atraente, mas a publicidade no facebook não me diz rigorosamente nada!), pelas minhas viagens, pelos meus gostos, pela minha profissão. Quero que me avaliem pela forma como ando, pela forma como esboço um sorriso, pelas palavras que uso, pelas coisas que gosto de falar. Todos os meus amigos têm facebook. Aliás, toda a gente que conheço possui uma conta. Eu não cedo.

  6. Podes ser um trambolho, feia todos os dias mas no Facebook serás sempre “ Espectacular “ “Giraça” e “ Fofa”;
    Podes não ter nada de interessante a dizer mas no Facebbok um simples coçar de olhos é comentado como “Uau!” “Brutal!”, “Fantástico”;

    Se tens filhos estes ocuparão a foto central na maioria das vezes. A tua cara, identidade? O que é isso? Aparecerão sim as fraldas, os pequenos trambolhos, o cocó, o xixi e novamente os comentários supra citados;

    Qualquer festa a que vais é sempre divertida mesmo que estejas a passar uma seca descomunal e sintas vontade de bocejar. Convém mostrares boa cara nas fotografias, de preferência com a boca escancarada e com um sorriso intergaláctico. É importante também escreveres como legenda que aquela foi a festa da tua vida senão és apedrejada;
    Convém teres sempre muitos amigos ( mesmo que não os conheças de lado nenhum ). É bom que sejam para cima de 2.000 e tal, porque abaixo disso és um Zé Ninguém;
    Convém aderires sempre a grupos politicamente correctos como: “A Caderneta de Cromos “ ou “ Adoro os anos 80 ”;
    Os palavrões são muito mal vistos por isso escrever “Sexo” ou um simples “culhão” está fora de questão!
    Convém elogiares aqueles amigos que não vias há 50 mil anos, mesmo que estes não te digam já rigorosamente nada. Dizer: “espectáculo” “saudades” e “linda“ cai sempre bem.
    Os erros ortográficos são bem aceites, por isso podes escrever Kamões e Portuguez à vontade que ninguém te leva a mal.
    Por último, ser feliz no Facebook é quase obrigatório! Ai de quem não acorde e não se deite sempre de sorriso na boca! Ai de quem não escreva: “Que bom foi ontem rever aquele Professor da Escola com mau hálito a quem nos anos 80 me fazia lembrar o Rambo!” lol

  7. Gostei do texto mas não concordo. Não vivo agarrado ao fb.
    Passo tempos sem lá por nada e nem ponho fotos na altura em que as acabei de tirar.
    Nem toda a gente vive assim. Acho que essa "dependência" depende de cada um, da maneira como vivem as coisas.

  8. Concordo…!
    E digo-te que, muito orgulhosamente, não tenho conta no facebook e o meu telemóvel é daqueles básicos que nem sequer permite acesso à internet e tem teclas e não ecrã táctil e essas coisas…; internet é em casa quando apetece; não faço a mínima questão de dizer onde estou, com quem, a fazer o quê, o que tenho vestido e o que comi; sinto-me muitíssimo bem com a minha forma de estar!! =) Há vantagens em manter esta atitude de velha guarda… como tu bem descreves.
    Ainda assim, respeito quem goste de se manter ligado e sempre a detalhar informação do seu dia-a-dia; só não acho que isso traga muito de positivo… mas é um modo de vida também.
    M.

  9. Primeiro quero dizer qt gosto do blog e do seu autor!
    Adoro a visão do mundo do "arrumadinho" e concordo com ele em mts aspectos e este não é excepção!
    Realmente vivemos num mundo de aparências, de querer ficar bem, de querermos sentir que fazemos parte de algo…
    Contra mim falo pq tb costumo publicar coisas no facebook, mas sp que viajo nas ferias, desligo o telemóvel, desligando me assim da pressão para disfrutar de tudo em toda a sua plenitude!
    Durante aqueles dias sou livre! :)))

  10. Este texto é uma verdade sublime e que também a mim me preocupa. Há um limite, no meu entender, para a nossa esfera privada se tornar pública. Para mim será sempre mais importante ser do que parecer (e mostrar)… obrigada pelas tuas palavras, gostei muito do que li. Ainda há gente que pensa como eu. 🙂

  11. Eu adoro o FB e passou lá muito tempo. É a minha principal fonte de informação. Qqr notícia relevante é postada por alguém no FB o que me permite andar a par do q se passa uma vez q tenho pouca ou nenhuma vontade de ver telejornais. Mas não sinto pressão para postar..qd me apetece posto. Tenho tido debates muito interessantes no FB sobre diversos assuntos.

    No blog sim, existe essa pressão para postar pq sabemos q do outro lado está alguém. Detesto ficar mais q dois dias sem postar algo novo. Essa pressão existe e por vezes "obriga" a postar algo só por postar q é coisa q me irrita mas algumas vezes "tem de ser" ☺

  12. Parabéns por este post fantástico. Tão actual. Todos nós nos reconhecemos neste post. Eu nem falo! Por isso gosto tanto de ESTAR, simplesmente ESTAR num sitio lindo. Praia ou campo e desfrutar sem levar telemoveis, nem outros gadgets eletronicos. Sabe tão bem. Faz-nos aproveitar tanto esses momentos!
    vidademulheraos40.blogspot.com (http://vidademulheraos40.blogspot.com/)

  13. Infelizmente, as pessoas associam muito a felicidade à simples multiplicação de prazeres. Temos de estar sempre a sentirmo-nos bem, nem que a ressaca seja pior que a pior das infelicidades. Corremos atrás desse "sentir bem" sem nos apercebermos que estamos a ser castigados por um amo implacável.
    Felicidade – e escrevi sobre isso mesmo no meu blogue – é plenitude. E tem muito pouco que ver com este "sentir-se bem" obrigatório e autoritário. A felicidade contempla tudo, sem medos, sem defesas.
    E sim, há quem seja feliz para sempre.
    Eu nunca fui infeliz. Mas isso porque me permiti a não correr atrás do "sempre feliz".

  14. E o mais triste é a necessidade de fazer parecer que tudo é perfeito.
    Deixei de frequentar o Facebook exactamente por isso.
    Não digo que seja necessario estar sempre a chorar os problemas, mas se o Facebook fosse realmente um reflexo da vida das pessoas deveria ter um pouco sobre cada assunto e parte da vida.
    Pelo que vejo é só "coisas fixes", muitas delas mentira ou inventadas ……..e julgo que esse mundo falso pode deprimir pessoas mais frageis que nao se apercebam que o mundo real não é o facebook.
    Confesso que eu proprio muitas vezes começava a ficar deprimido com a minha vida…….e depois começo a analisar casos concretos que conheço pessoalmente e vejo que TODA a gente cria uma personagem para o facebook que na maioria das vezes nao corresponde à realidade.

  15. Não me revejo nest post. Não tenho facebook, blog ou qualquer outra rede social e também não vejo motivos para criar. Além de que sinto que essa pressão nas relações está um bocado desactualizada. Na geração dos 20 já ninguém pensa assim 🙂

  16. Concordo plenamente!! O facto de as redes sociais estarem a controlar a vida das pessoas em vez de ser o contrário, é algo que me assusta um bocado. Não percebo a necessidade de alguns em dizer a cada minuto o que estão a fazer, comer, onde estão, para onde vão… enfim, informação que há um par de anos atrás, não partilhariam com meio mundo certamente.

    E o que é mais assustador ainda, é o facto das relações pessoais se estarem a perder no meio disto tudo. Parece que é mais conveniente tirar a tal foto do momento perfeito, do que vivê-lo na realidade – é uma pena.

    É esta a geração McDonald's como eu a chamo – quer que tudo aconteça rápido, mas isso nem sempre é bom.

    Susana

  17. leio o seu blog há alguns meses e neste caso não podia estar mais de acordo!! vivemos numa facebook'odependendência sufocante.
    um abraço
    Alexandra

  18. Gostei do texto e fiquei com este excerto: "…quando, de facto, não há pressa para nada, e a única urgência deveria ser a da nossa felicidade.". Felicidade essa q pode ou não estar relacionada com o convencional, até pq o convencional para mim é certamente diferente do q é para o outro. É por isso que num relacionamento q venho a manter há cerca de 1 ano, não quero envolvimentos familiares, pq n me quero sentir pressionada a nada, apenas a estar e a aproveitar o que de melhor posso retirar dele.

  19. E se calhar, só assim por acaso, a felicidade das pessoa é proporcional à estupidez e apego material de algumas pessoas, não??
    Enquanto o parecer prevalecer sobre o ser, as pessoas nunca serão felizes. E não é o Facebook, net, blogs ou telemóveis que criam pressão ou coisa que o valha, é mais uma vez a parvoíve de algumas pessoas em não saberem apreciar a beleza das coisas simples da vida.

  20. Concordo plenamente.

    Aliás costumo dizer que antes dos telemóveis as pessoas eram mais responsáveis, quando se combinava uma coisa com os amigos toda a gente aparecia à hora e local marcados. Agora há última da hora enviasse um sms a desmarcar, a dizer que estamos atrasados, que nos esquecemos…
    Antes os amigos tinham paciência para ouvirem as histórias uns dos outros, agora perdessem a ver vídeos no Youtube a meio da conversa…
    Felizmente ainda me consigo desligar da tecnologia, especialmente nas férias onde chego a estar dias sem aceder à Internet e sinceramente não me custa nada…
    A vida real é muito mais interessante que a virtual.
    Gosto do Facebook dá imenso jeito para saber novidades, combinar encontros com os amigos e comunicar de forma rápida e barata, mas quem me tira as longas conversas frente a frente com os amigos tira-me tudo…
    Um LOL nunca poderá substituir uma gargalhada genuína.

  21. Nunca comentei, mas aqui vai: concordo! A procura por validação nunca foi tanta e tão desnecessária! Continuações

  22. Concordo plenamente.

    Aliás costumo dizer que antes dos telemóveis as pessoas eram mais responsáveis, quando se combinava uma coisa com os amigos toda a gente aparecia à hora e local marcados. Agora há última da hora enviasse um sms a desmarcar, a dizer que estamos atrasados, que nos esquecemos…
    Antes os amigos tinham paciência para ouvirem as histórias uns dos outros, agora perdessem a ver vídeos no Youtube a meio da conversa…
    Felizmente ainda me consigo desligar da tecnologia, especialmente nas férias onde chego a estar dias sem aceder à Internet e sinceramente não me custa nada…
    A vida real é muito mais interessante que a virtual.
    Gosto do Facebook dá imenso jeito para saber novidades, combinar encontros com os amigos e comunicar de forma rápida e barata, mas quem me tira as longas conversas frente a frente com os amigos tira-me tudo…
    Um LOL nunca poderá substituir uma gargalhada genuína.

  23. Concordo, concordo e concordo. Tenho vários grupos de amigos, num deles só 1 pessoa é solteira (leia-se sem acompanhante) e estamos constantemente na brincadeira a perguntar quando é que ela passa a ser "casada", acredito que ela não se sinta pressionada, mas de qualquer forma se olhar de outra perspectiva vejo que é um tipo de pressão. Tal como a pressão de perguntarmos aos casais mais antigos para quando o pedido oficial, até já colocámos um dos nossos amigos em extremo estado de pânico no jantar de formatura da namorada. E de todas as vezes que estamos juntos a conversa vai sempre parar aos supostos casamentos, até já são feitas apostas! Não os sinto menos felizes por isso, ou mais pressionados. Mas se for pensar na média de idade deste grupo (25 anos) é realmente cedo para começarmos com estas coisas. Chegaremos aos 35 com a ideia de que ñ há mais nada para fazer e de que já se viveu tudo e não é esse o nosso objectivo. Vamos chegar a uma altura em que não sabemos a quantas andamos. Por isso muita calma nessa hora. Nunca tinha pensado nesse tipo de pressão, mas cá esta o nosso Arrumadinho mais uma vez a dar-nos uma boa lição de vida 🙂
    Obrigada por existires!

  24. Eu, uma adolescente, a quem essas "pressões" deviam ser ainda maiores, não concordo nada com isso. Ou pelo menos não é a minha maneira de viver. Vou aos sítios, tiro fotos, vivo e mesmo tendo acesso à internet pelo telemóvel não sinto necessidade de partilhar tudo no momento e há muitas coisas que nem partilho até! Ponho algumas fotos no FB, um, dois dias depois e porque lhes achei graça, porque quero partilhar este ou aquele momento com quem os vivi, não com o resto do mundo, não sinto pressão nenhuma em relação a isso. Quanto ao blog, também o tenho e não morro se passar uma semana sem pôr lá nada, especialmente porque ou ando ocupada com a faculdade ou porque ando a viver a minha vida. Sigo blogs, visito regularmente o FB, mas não morro se não o fizer, faço-o quando tenho tempo e porque gosto. Essas pressões não passam do facto das pessoas quererem mostrar o que são (querem ser) ou fazem, não o acho que seja porque são impostas a isso. É uma maneira de viver e com a quantidade de opções que temos hoje em dia, cada um é livre de fazer o que quer, da maneira que quer. Resumindo, acho que são vícios e não imposições. As verdadeiras pressões (pelo menos para mim) estão dentro da minha cabeça, na tentativa de ser melhor, ter boas notas e aproveitar o tempo com quem mais gosto 🙂

  25. Gostei muito desta publicação. Acompanho o teu blog e o da Pipoca e de acordo com algumas coisas que tenho lido, identifico-me com a vossa forma de estar na vida. Sou escritora de romances (recente: publiquei um livro de poesia em 2009, um romance em 2010 e colaborei numa antologia de poesia contemporânea em 2012) e também acredito muito mais na felicidade da vida, de cada momento, nas alegrias que conseguimos extrair de uma paisagem, de uma conversa e do tempo que passamos com a pessoa que amamos. E a partilha desses momentos ao vivo e a cores, isso sim, é que é belo. As pessoas têm-se esquecido do verdadeiro significado da vida e da felicidade, canalizando as suas energias para coisas sem importância, sem essência e no fundo, impessoais. A felicidade do antigamente, genuína, auntêntica e sem excessos de informática, ainda existe. Basta querermos.

    P.S: Actualmente estou em fase de procura e negociação com editoras, para a publicação do meu novo romance. Não vos conheço, mas sinceramente, quando eu souber a data e local do lançamento, deixarei aqui o convite, para que tu e a tua esposa possam estar presentes, caso tenham disponibilidade.

    Vanessa

  26. Acreditar que éramos mais felizes antes de termos facebook ou telemóveis, ou qualquer coisa que nos ligue directamente às pessoas, é a mesma coisa que acreditar que éramos mais felizes quando vivíamos numa época sem electricidade, com o romantismo das velas, ou, num extremo, quando vivíamos em cavernas e fogueiras, rodeados e em plena comunhão com a Natureza. Acreditar neste tipo de coisas é deitar por terra toda a nossa evolução.

    Somos seres sociais e estamos felizes quando estamos com outras pessoas, seja pessoalmente seja virtualmente. Somos felizes quando partilhamos experiências e conhecimento. Somo felizes quando comunicamos. O meio de comunicação é apenas isso, um meio, uma forma de alcançar o objectivo…

  27. Muito bom.

    E muitas frustrações resultam da ausência de comentários às fotos/posts no FB! Já senti essa frustração e senti-me estúpido por isso. Mais vale cultivar o nosso dia a dia e vivê-lo no presente, torná-lo único. Se for para partilha-lho, que seja com a presença de quem gostamos.

  28. Logo tu que passas a vida no fb e no blog.

    Eu nunca tive conta no fb e acho horrível a ideia de partilhar tudo com os outros. Uma vaidade tresloucada que não me diz absolutamente nada. As pessoas não vivem para elas, mas para os outros.

  29. Ah pois. E ainda há gente que estranha o facto de, quando vou para fora de casa (seja férias, fds ou um passeio), não levo telemóvel e jamais me ligo à net.

    Quanto à pressão do filhos, é curioso. Tenho duas e muitos, mas mesmos muitos me perguntam: então e o terceiro, para ver se te sai um rapaz? Oh minha gente, quero lá saber se sai rapaz, rapariga, hermafrodita ou o raio que vos coma. Não quero mais filhos, estou feliz com duas, três é demais para a minha paciência/orçamento e sabes o que respondo sempre? Terei o terceiro quando tu tiveres o quinto (não tenho amigos com mais de dois filhos, por isso duvido que alguma vez cheguem ao quinto).

  30. É uma coisa que me deixa um pouco triste, a necessidade de um computador, de estar ligado constantemente, de procurar sempre estímulos fora de nós e fora de quem está perto.
    Acaba por existir um isolamento e por deixar-se de aproveitar as coisas mais simples.
    É tudo uma questão de ego, acredito.
    Mas acho igualmente que nos tempos de hoje é cada vez mais difícil ser-se feliz, contentado, dando graças pelo que se tem. Vive-se atrás do que não se tem, do que os outros têm (ou mostram ter) e perdeu-se muito do encanto da simplicidade.

  31. CONCORDO A 200% com este post, cada vez mais as pessoas vivem das aparências, colocam tudo no facebook, como se tivessem que provar alguma coisa a alguém, cada vez menos existe privacidade…deixam de viver o momento, preocupadas apenas em mostrar aos outros alguma coisa… parabéns pelo teu post arrumadinho 🙂

  32. O que acabaste de escrever é uma grande verdade. E eu confesso que também gosto de andar pelo facebook e pelo blog, e pelos blogs dos outros. É uma rotina que me dá prazer. Mas se não o fizer não é o fim do mundo, e de vez em quando gosto de fazer uma espécie de desintoxicação da internet, desligar-me pura e simplesmente. Nas minhas últimas férias o acesso à internet era escasso e foi o melhor que podia ter acontecido. Não tinha aquela pressão de ir espreitar o blog, ou de ir ler os últimos posts. Simplesmente aproveitei e diverti-me 🙂

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