Vamos lá esclarecer umas coisas sobre a Patrulha Pata

Quem tem filhos com idades aí entre os 2 e os 7 deve saber tão bem a letra do hino nacional como a do genérico da Patrulha Pata. Quem não sabe o que é a Patrulha Pata pode saltar para o próximo texto, porque não vai perceber nada do que está para aqui escrito, ainda assim dou uma pista: são uns desenhos animados que passam no Canal Panda e que seguem a história de vários cãezinhos que vivem na Baía da Aventura e passam o dia a ajudar pessoas, nas mais variadas missões.

Pois bem, ando há um ano a ver em repeat todos os episódios da Patrulha Pata, o que me dá legitimidade para discorrer sobre algumas atrocidades que são cometidas pelos cãezinhos e pelo seu dono, o Ryder. Vamos a isto.

Que tipo de relação tem o Ryder com os pais?

Para quem não sabe, o Ryder é um menino de 10 anos, bastante evoluído para a idade, que, aparentemente, vive sozinho na Baía da Aventura. Pelo menos, nunca foi visto com os pais, nunca os referiu em nenhum episódio. Isto leva-me a crer que há aqui uma qualquer história negra no passado desta criança. É verdade que pode ser órfão, mas estou mais inclinado para a ideia de ser filho de papás milionários, que lhe construíram aquela torre para onde ele leva os cãezinhos, onde tem um ecrã LED que deve ter umas 60 polegadas, uma garagem onde cabem as viaturas onde se deslocam todos os cães, mais a moto4 do menino, e mais uma série de tecnologias caras. Quem é que bancou aquilo tudo? Pais milionários, é a minha teoria.

Porque é que o Ryder nunca muda de roupa?

Cena típica de um puto de 10 anos, mimado, filho de pais milionários. Bem sei que se depender da vontade de qualquer miúdo de 10 anos, eles jamais irão mudar de roupa, e podem vestir a mesma coisa durante um mês. Mas no caso do Ryder acho que a explicação é outra: ele deve ter 20 fatos iguais, comprados pelos papás ricos.

Mas o Ryder pode conduzir uma moto4?

Pois, não pode, ele tem 10 anos. Mas conduz. E a alta velocidade. E até passa a ponte a acelerar naquilo. Está mal. Depois somos nós, pais, que temos de aturar os putos a dizerem que querem uma moto4 igual à do Ryder. Mesmo os miúdos mais sortudos que conseguem que o “Pai Natal” lhes ofereça uma moto4 acabam sempre desiludidos, porque a do Ryder anda a abrir pela Baía da Aventura e a deles anda a 2 à hora pelo corredor de casa.

Quando é que o Zuma deixa de falar à bebé?

Pois é, o tempo passa, uma pessoa anda a ver a Patrulha Pata há uns dois anos, e o sacana do Zuma continua a falar à bebé. Então mas um ano na vida de um cão não equivale a sete anos na vida de uma pessoa? Por essa lógica, o raio do Zuma já devia ter passado a fase de falar com aquele sotaque abebezado, não?

Os cães são pau para toda a obra?

Mas naquela Baía da Aventura é tudo tão atado que precisa de chamar os cães para qualquer problema que surja? Ah, está um gato na árvore. Chame-se a Patrulha Pata! Ah, a Galinheta fugiu de casa. Chame-se a Patrulha Pata. Ah, o Alex perdeu a mochila. Chame-se a Patrulha Pata. Ah, está um elefante à solta a destruir toda a Baía da Aventura. Chame-se a Patrulha Pata. E onde é que andam as autoridades competentes? Se eu fosse munícipe da Baía da Aventura jamais votaria na reeleição da Presidente Goodway.

Que clima esquizofrénico é aquele da Baía da Aventura?

Verdade seja dita: adoraria viver num local como a Baía da Aventura, onde há praia, há montanhas com neve, há uma cidade plana, há uma ponte como a de Lisboa. Incrível. Só não é tão agradável que à segunda-feira os cãezinhos andem a salvar baleias bebés na praia e à terça estejam a resgatar alpinistas nas montanhas da neve. Mas ali não há estações do ano?

Então a desgraçada da Everest não tem lugar no genérico?

Os criadores da série tiveram a brilhante ideia de encaixar mais uma cadelinha na matilha, a Everest, especialista em cenas na neve. Devem ter percebido que as miúdas esgotavam o merchandising todo da Skye e estavam a sobrar Rockys e Zumas, por isso lá trataram de reforçar o elenco feminino. Problema: o genérico apresenta os cães da Patrulha e a Everest não consta. Como é que vai ser agora? Vão refazer o genérico? Mas isso vai mexer com a métrica da canção, naquela parte “Chase, Rubble, Rocky, Zuma, Skye, Ya!”. E agora? Fazem como o Palma e o Bettencourt e aldrabam as métricas todas?

Pronto, é isto, não vos quero maçar mais. E acredito que estão solidários comigo.