Nos últimos meses passei muito tempo a trabalhar sozinho na criação do meu novo projeto, a MAGG (em breve falarei melhor sobre isto), e muitas das vezes andei por cafés de Lisboa, quase todos com wifi gratuito, internet rápida, bom ambiente, música agradável e gente que, como eu, procura spots em que se consiga trabalhar tranquilamente. Isto levou a que tivesse descoberto sítios mesmo fixes, coisas ótimas para comer ou beber e conhecido gente simpática.
Esta mobilidade é hoje cada vez mais comum em várias profissões, há uma necessidade cada vez menor de existirem grandes escritórios, com centenas de pessoas, e o mundo caminha para uma realidade oposta, em que já se pode trabalhar de casa ou de qualquer spot em qualquer local do mundo, desde que haja uma ligação de internet com qualidade e desde que tenhamos um computador decente.
Precisamente por viver numa fase demasiado flexível da minha vida, procurei encontrar um computador que me permitisse ter a mobilidade de que necessito, que fosse pequeno, mas ao mesmo tempo que me permitisse trabalhar de forma rápida e com uma experiência positiva (ecrãs muito pequenos reduzem a produtividade, aumentam o cansaço e o esforço mental). Senti necessidade de ter uma solução que estivesse ali entre um tablet com um ecrã maior e um portátil, que pudesse ser tablet quando preciso de um tablet e computador quando preciso de um computador. Fiz aquilo que normalmente costumo fazer nestas coisas: li imensa coisa online, reviews, opiniões de utilizadores, e depois fui à Fnac falar com um especialista. Sei que eles são isentos, é-lhes indiferente que eu leve a marca A ou B, procuram, sim, que eu fique satisfeito. E pronto, pela primeira vez desde há alguns anos, comprei um Microsoft Surface, que é tudo o que preciso. E neste tempo de experiência, só posso dizer maravilhas. Mas falo disso noutro texto. Hoje, quero dizer-vos por onde tenho andado a fazer as minhas coisas, sugestões para gente que, como eu, gosta de trabalhar em sítios públicos.
1. Copenhagen Coffee Lab
Adoro ambientes de inspiração escandinava, com decoração muito clean e minimalista, com brancos por todo o lado, gente sozinha a trabalhar nos seus computadores, música ambiente de qualidade e coisas ótimas para comer. Em Lisboa, há cada vez mais locais assim, mas talvez o meu preferido seja o Copenhagen, que fica ali perto da Praça das Flores, em frente ao Tease (outro sítio giro para se estar, comer ou trabalhar). O Copenhagen tem uma espécie de sala interior mais reservada, onde se pode perfeitamente ter uma mini-reunião de trabalho informal, e depois várias mesas pequenas, para uma ou duas pessoas. Acho que é um spot mesmo pensado para pessoas como eu, que gostam de trabalhar em espaços públicos.
A oferta de chás é boa e diversificada, tem imensos muffins de tudo e mais alguma coisa, só é pena não terem oferta vegan (eles prometem ter em breve).
Morada: Rua Nova da Piedade, 10, Lisboa
2. Eric Kayser FNAC Chiado
A FNAC do Chiado é, de todas as lojas do mundo, aquela onde já passei mais horas na minha vida, e onde seguramente já gastei mais dinheiro (deve andar ali ombro a ombro com a FNAC do Colombo). Durante os muitos anos em que trabalhei entre o Marquês e a Baixa criei quase uma rotina obrigatória que era a de entrar na loja, dar uma vista de olhos para perceber se há novidades, beber um café e sair. Não sei explicar bem, mas é uma loja que me dá conforto, e onde sinto que estou no meu mundo, rodeado de quase tudo o que eu gosto — livros, filmes, cultura, tecnologia. É a minha cena, pronto.
Nos últimos meses, em que tenho partilhado um escritório no Chiado, tenho optado muitas vezes por levar o computador para o café da FNAC e trabalhado a partir dali. Ao contrário da maior parte das pessoas, eu gosto de trabalhar no meio dos outros, não preciso de silêncio e valorizo as distrações, que, para mim, são muitas vezes inspirações. Adoro ver pessoas, ouvir pessoas, observar os comportamentos dos outros, e aquele spot está cheio disso. Provavelmente é também por isso que devo ser dos únicos homens neste mundo que adora shoppings. Gosto mesmo, genuinamente. Adoro passear sem rumo, só no meio das pessoas, a ver a forma como as marcas estão a comunicar nas montras, a ver o que as pessoas param para ver, que sacos levam nas mãos, o que é que comem, o que estão a ver nos telemóveis, sou uma pessoa esquisita, eu sei.
Foi nesta FNAC que comprei o meu computador, o Microsoft Surface, que me dá esta agilidade de que eu gosto e preciso de ter. É leve, prático, fininho, versátil, funciona como computador e como tablet, tem caneta para poder fazer correções e anotações à mão — muito old school, eu sei.
Morada: Armazéns do Chiado — Rua do Carmo, 22, Lisboa
3. Royale Café
A zona do Chiado não é propriamente rica em restaurantes com esplanada, por isso, e porque adoro ar livre, ando muitas vezes pelos spots onde possa trabalhar, ou beber um café, numa zona exterior. O Royale tem um pátio muito simpático, e foi sobretudo por isso que me habituei a ir lá. Fui descobrindo com o tempo que também tem comida ótima, saudável (pena ter tão poucas opções vegan), um atendimento simpático e um ambiente cosy, muito naquela onda de inspiração escandinava. Estou lá muitas vezes a trabalhar enquanto bebo um chá e como uma torrada com doce de tomate.
Morada: Largo Rafael Bordallo Pinheiro, 29, Chiado, Lisboa.
4. Cafetaria Spleen
É provavelmente um dos secret spots mais fixes de Lisboa. A prova de que ainda muita gente não conhece este paraíso é que há dias sugeri à minha mulher irmos lá almoçar e ela não sabia o que era, nunca lá tinha ido. E o Spleen fica provavelmente a 200 metros do local onde ela trabalha. Não sei porquê, esta cafetaria, que também é restaurante, é muito pouco falada, divulgada, o que acaba por ser ótimo, porque há quase sempre mesas na esplanada e lá dentro.
O Spleen fica no Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Chiado, a meio da Rua Serpa Pinto. Tem uma esplanada maravilhosa, comida boa (as sopas são incríveis) e imensas opções vegan e vegetarianas (o que para mim agora é sempre uma coisa de grande valor). Na esplanada está o sol a bater durante a tarde, o que é ótimo, e dá para ficar ali a trabalhar até em dias mais frios — ainda esta semana lá estive de esplanada, com o sol a bater, e com uns 10 graus, mas estava-se mesmo bem.
Morada: Rua Serpa Pinto, 4, Chiado, Lisboa
5. Tartine
A Tartine tinha tudo para ser uma espécie de cantina para mim. Fica perto do local onde habitualmente trabalho, tem pão incrível, coisas maravilhosas para comer, o atendimento é bom, o ambiente muito agradável, só que tem aquele pequeno defeito de tudo ser muito caro. Por isso não vou para lá tantas vezes, e prefiro procurar sítios novos e diferentes.
Ainda assim, a Tartine é quase uma segunda casa, porque acabo por passar lá imenso tempo, mesmo que seja só para beber um chá e ficar a despachar trabalho. Costumo comer (ao pequeno almoço ou ao lanche) a baguete de cereais com doce e beber um café ou um chá. Para quem não é vegan, sugiro também o brunch — o iogurte com granola é uma das especialidades —, o Latte Macchiato ou o chocolate quente.
Morada: Rua Serpa Pinto, 15A, Lisboa
Texto escrito em parceria com a FNAC.